6 dicas para manter o equilíbrio emocional nas férias escolares

Como lidar com interrupções na rotina, sentimentos de culpa nos pais, o uso excessivo de telas e a pressão para entreter as crianças.

23/06/2025 17h59

3 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Com o período de férias escolares, muitas famílias experimentam uma combinação de alívio e tensão. Alívio pela pausa na rotina escolar, mas também tensão com a necessidade de equilibrar trabalho, cuidados com os filhos e a expectativa (frequentemente irreal) de proporcionar momentos memoráveis para as crianças. Nesse contexto, o bem-estar emocional dos pais e filhos pode ser desafiado.

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A interrupção das aulas provoca uma transformação significativa na dinâmica familiar. Para os pais, notadamente aqueles que seguem trabalhando, representa um obstáculo encontrar tempo e disposição para acompanhar os filhos sem se sobrecarregar ou sentir remorso. Para as crianças, a ruptura da rotina pode resultar em inquietação, tédio e até mesmo comportamentos mais problemáticos, segundo a psicóloga Laís Mutuberria, especialista em neurociência do comportamento e saúde mental.

De acordo com Luís Mutuberria, um dos principais equívocos em relação às férias é a crença de que crianças precisam estar constantemente ocupadas. “Nossa sociedade promove uma excessiva estimulação, o que gera diversos problemas nas crianças, visto que o tédio, o lazer e o tempo livre desempenham papéis importantes: incentivar a criatividade, observar o ambiente, construir experiências e aprendizados, e, ainda, promover o autoconhecimento. Nem toda pausa necessita ser preenchida com dispositivos eletrônicos ou atividades.”

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Ela argumenta que o lazer, quando experimentado com segurança e apoio emocional, pode ser mais proveitoso do que uma rotina intensa de atividades. “Diferentemente da lógica do desempenho, que frequentemente molda a infância atual, o tempo livre possibilita que a criança simplesmente seja. Nesse espaço de descanso, ocorrem brincadeiras informais, questionamentos inquisitivos e inclusive momentos de tranquilidade que nutrem a imaginação e reforçam a habilidade de se autorregular emocionalmente”, afirma.

Para a psicóloga, oferecer tempo livre durante as férias também é uma maneira de promover a saúde mental desde o início.

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Durante as férias, é comum que pais, principalmente as mães, se sintam culpados por não conseguirem proporcionar viagens, passeios elaborados ou tempo integral com os filhos. “A culpa parental muitas vezes nasce de uma expectativa desconectada com o que de fato é importante para a criança.” As férias não precisam ser espetaculares para deixarem boas memórias.

O que realmente importa para a criança, em qualquer fase do desenvolvimento, é a qualidade da conexão emocional. Momentos simples como uma conversa sem pressa, um jogo de tabuleiro ou cozinhar juntos podem ser profundamente significativos. As memórias afetivas não se constroem pelo cenário, mas pela sensação de ser vista, ouvida e acolhida nessas vivências com seus pais. A criança constrói lembranças a partir de suas experiências afetivas, frequentemente não recorda da viagem ou passeio notável, mas sim de como se sentiu: vista, ouvida e acolhida nessas vivências com seus pais.

A psicóloga aconselha repensar o pensamento: em vez de considerar “o que eu não estou conseguindo fazer?”, é importante refletir “de que forma posso estar presente no tempo disponível para o filho(a)?”. Ela ressalta que a presença afetiva e a disponibilidade genuína, mesmo que breves, exercem um impacto muito mais significativo no vínculo com a criança do que longos períodos marcados por distração ou cansaço.

Um aspecto relevante nas férias é o incremento no uso de telas. “As telas são parte da vida contemporânea e não devem ser vistas como algo negativo”, afirma a psicóloga. O essencial é que os responsáveis observem os impactos e as consequências dessa utilização, promovendo um acompanhamento atencioso. É aconselhável começar buscando equilíbrio: definir horários definidos, alternar com atividades presenciais – como jogos ao ar livre ou leitura – e, principalmente, monitorar o que está sendo consumido. Mais do que restringir, trata-se de promover um uso mais consciente e benéfico da tecnologia.

Confira algumas dicas para desfrutar das férias de maneira mais leve.

É natural que o começo das férias traga desorganização, mas isso pode ser uma oportunidade para a família se ouvir mais, desacelerar e construir novas formas de convivência, conclui Laís Mutuberria.

Por Annete Morhy

Fonte por: Jovem Pan

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