Esquadrão controversioso utilizou a palavra “Favela” como sinônimo da situação em que se supõem existir conflito
16/04/2025 às 20h53

São Paulo – O batalhão da Polícia Militar do Estado de Sãо Paulo envolvido em uma polêmica após publicar um vídeo que evoca práticas rituais dos grupos supremacistas, se encontra novamente na disputa pública. Há quase 6 anos atrás já havia causado controvérsia ao compartilhar imagens de treinamento para combate envolvendo suspeitos em uma “favela”.
A publicação do 9° Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep), localizado em São José do Rio Preto e região, feita no mês agosto de 2019, mostra agentes simulando uma incursão entre tapetes com a legenda “favela”. As fotos causaram críticas nos comentários. Um usuário escreveu: “Que vergonha, pobres que trabalham como máquina de matar pessoas”.
Nesta terça-feira (15/4), o mesmo perfil publicou um vídeo contendo policiais militares incendiando uma cruz e realizando gestos que lembram de rituais praticados por grupos como a Ku Klux Clan, nos Estados Unidos.
A publicação foi retirada apenas alguns minutos mais tarde. Gravação, envolvendo imagens aéreas e trilhas sonoras, realizou-se em um ambiente noturno. O vídeo contém pelo menos 14 PM’s diante de uma cruz acesa com fogo e traçando o caminho através do uso da chama como marcador.
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Na profundidade surge o termo “Baep” também em chamas. Além disso, se encontram ainda as bandejas do corpo corporate próximos e veículos de polícia vinculados ao lado deles.
No Terça-feira, o corpo tinha anunciado que havia estabelecido um procedimento de investigação das circumstâncias relacionadas àquele incidente. Autodeclarou-se então como uma instituição jurídica legalista.
“A Instituição reafirma seu compromisso irrecusável com a legalidade, o respeito pelos direitos humanos e pela defesa dos valores democráticos que guiam sua atuação há mais de 190 anos”, disse ela.
“Doctrine of the Path”
O coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Seguranças Públicas, descreveu em entrevista ao Metrôpoles o ritual dos policiais do 9º BAEP como “muito diferentes” das outras. Para ele, a matéria expõe uma tentativa que definiu como um esforço para criar uma “diferença sem sentido”.
“Oque não tem sentido é que essas forçase chamadas especiais estão tentando se diferenciar das demaises, como se fossem superiores. Eles querem mostrar um esforço distinto e para isso usaram uma lógica que costumo denominar ‘doutrina da Rota’. Por sorte esses policiais acabam extrapolando-se; eles não fazem tanta parte assim no processo de prevenção das polícias. Eles terminam querendo desprestigiar e reduzir a importância que tem o trabalho preventivo dos batalhões territoriais, como nós chamamos.” Declarou um militar segundo informações disponibilizadas. De acordo com ele os Batalhãos Especiasais (como Baeps), não são tão eficientes para o processo de prevenção”. Os seus agentes também carecem “do mesmo conhecimento e interação com a populaçao” quando comparados às PM’s que atuam no dia-a-dia.
“Estes supostos heróis estão tentando se distinguir dos outros. Eu não vejo sentido nisto; isso deveria ser proibida ou coberta pelo comando da Polícia Militar e encerrar esta distinção absurda. Realmente, eu não consigo entender…” O soldado do PM faz um curso que dura 2600 horas na formação básica. Depois disso, o Baep oferece uma sessão de treino de trinta horas e acredita em formar alguém chamando-o ‘PM mais’. “”Eu não vejo sentido”, completou com tom crítico.”
De outro lado, José Vicente da Silva considera que a posição do braco dos agentes apontada como uma das polêmicas no vídeo por lembrar um saudação nazista é normal: “Colocaram o braço à frente e fazem juramento de maneira usual. Não há salutação [nazista]”, explicou José Vicente da Silva.
“Acoisação da KKK”
O especialista em segurança pública Rafael Alcadipani, também professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou ao Metrôpoles que não considerava os movimentos dos braços das polícias como sinais nazistas. No entanto, ele compreendeu a conotação de que o gesto pode ter essa associação. Para Alcadipani, esse ato poderia representar “um juramento em um rito de passagem”.
Porém, Alcadipane julga esse vídeo totalmente inviáveis e o processamento de imagem lhe recorda técnicas do KKK:(Notação original preservada)
“Infelizmente, ao ver algo isso lembra-me da organização dos Ku Kluz Klan. Isso é totalmente inaceitável. Uma força de segurança não poderia estar usando símbolos dessa organização ou veículo e coisas do Estado para fazer um vídeo que parece ser daquela mesma natureza.” Assim opinou o especialista.
Qual é o KKK (Ku Klux Klan) ?
A Kú-kluk-klan (KKK) surgiu nos Estados Unidos da América durante a segunda metade do século XIX, entre os anos de 1865 e 1866 na cidade de Tennessee, no sul deste país.
Além das outras ideias, o movimento promovia a supremacia branca e incentivava atentados contra pessoas negras que haviam sido libertadas pela 13ª Emenda Constitucional dos Estados Unidos. Brancos também defendendo os direitos de negros eram alvos desses ataques.
Através das décadas da sua existenceência, o grupos terroristas continham realizando-se atentado concentrandos nas pessoas negras. Desde século XIX também foram incluídos os judeus como alvos destes ataques terroristas.
No topo máximo, o grupo terrorista contava com quatro milhões de integrantes durante sua segundo estágio. Nesta época, a Cruz Aflame foi adotada como símbollo do clã.
No víдеo compartilhado e posteriormente removido do Beap (Baixar de Arquivo Particular), destaca-se que o item em questão é exatamente uma Cruz acesa.
Fonte: Metrópoles