Pesquisadores brasileiros desenvolveram mais de 17 mil estudos durante a pandemia

22/04/2025 às 18h21

Por: José News

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(Imagem da internet).

A pandemia de Covid-19 impulsionou cientistas globalmente em uma disputa para entender e enfrentar um vírus que transformou a vida social. Em todos os continentes, observou-se um aumento significativo no número de publicações científicas: nas primeiras semanas de 2020, após a disseminação em escala mundial do vírus, mais de 500 artigos sobre opções de tratamento, a estrutura do vírus, mecanismos de transmissão e tópicos relacionados foram publicados.

A pandemia de Covid-19 impulsionou cientistas globalmente para compreender e enfrentar o novo vírus. Registrou-se um aumento expressivo de publicações científicas: apenas nas primeiras semanas de 2020, foram publicados mais de 500 artigos. Estes abordavam tratamentos, a estrutura do vírus, sua transmissão e outros tópicos essenciais para lidar com a crise sanitária.

Enquanto pesquisadores internacionais intensificavam seus trabalhos, o Brasil respondeu com rapidez: entre 2020 e 2022, mais de 17 mil estudos foram publicados, com um volume mensal que excedeu 500 artigos, evidenciando uma dinâmica notável.

Uma análise conduzida por pesquisadores do Laboratório de Estudos sobre a Organização da Pesquisa e da Inovação (Lab-GEOPI) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), empregando a base OpenAlex, investigou as dinâmicas da produção brasileira e identificou a rápida mobilização das instituições do país, principalmente as públicas, para responder à crise de saúde pública por meio da ciência.

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Segundo estudo publicado em março de 2025 na revista Em Questão, foram identificados 531.708 estudos sobre a Covid-19 em diversas áreas do conhecimento. Desses, 17.409 são de autores vinculados a 512 instituições brasileiras. Contudo, 24 instituições de pesquisa concentram 61% da produção nacional, todas elas públicas.

A Universidade de São Paulo (USP) ocupa a primeira posição, com aproximadamente 7.700 artigos publicados nos anos de 2020 a 2022. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) segue em segundo lugar, com 2.100 publicações, seguida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que contabilizou 1.700 artigos, e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com 1.600 publicações.

A produção brasileira foi ampla em termos de áreas do conhecimento. Cerca de 90% das pesquisas abordaram Medicina, Ciência Política, Psicologia, Geografia, Sociologia, Ciência da Computação e Administração. A análise revela um esforço da comunidade científica para compreender os diversos fatores relacionados à Covid-19, buscando, além das características biológicas, as repercussões clínicas e sociais da pandemia.

Um aspecto relevante do estudo foi a notável capacidade de colaboração dos pesquisadores no período. Aproximadamente um terço da produção científica brasileira sobre a Covid-19 foi fruto de coautoria internacional, com o Brasil contribuindo com pesquisas em 151 nações – entre as quais se destacaram Estados Unidos (24,1%), Reino Unido (13%), Itália (6%), Espanha (4,1%), Canadá (3,7%), Portugal (3,3%) e Alemanha (3,1%). Em relação aos artigos de autoria exclusivamente nacional, apenas 18,6% foram produzidos por autores únicos, demonstrando a sólida estrutura de cooperação entre pesquisadores e instituições brasileiras.

Pesquisas anteriores indicam que os países mais impactados pela pandemia também concentraram esforços significativos de suas comunidades científicas para lidar com a crise de saúde. Estados Unidos, Reino Unido, China, Índia, Itália e Brasil representaram aproximadamente 50% dos trabalhos publicados internacionalmente.

No Brasil, observou-se a atuação das universidades e instituições de pesquisa na busca por evidências para enfrentar os desafios econômicos, de saúde e sociais impostos pela pandemia. Contudo, essa iniciativa confrontou-se com a resistência do governo às recomendações baseadas em dados, sobretudo na área da saúde, onde as universidades públicas, principais responsáveis pela produção científica, foram alvo de ataques por autoridades, além de sofrerem cortes orçamentários e intervenções que afetaram sua autonomia e liberdade científica.

A pandemia evidenciou a habilidade das instituições de pesquisa brasileiras, sobretudo as públicas, em mobilizar esforços para fornecer respostas rápidas e eficazes a situações de crise social.

O estudo demonstra o papel fundamental da ciência brasileira no combate à pandemia e a habilidade das instituições de pesquisa em responder prontamente a desafios globais. Contudo, diante de barreiras, como a resistência governamental e a redução de recursos, a produção científica nacional apresentou-se como robusta, colaborativa e diversificada, abrangendo desde questões biomédicas até os impactos sociais da Covid-19.

A vivência da pandemia ressalta a importância de fortalecer a ciência nacional e a autonomia das universidades, assegurando que o conhecimento gerado possa continuar a contribuir para a sociedade, apesar dos obstáculos.

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Fonte: Metrópoles

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