Identifique 4 mudanças nas unhas que podem indicar problemas de saúde
29/04/2025 às 18h01

É possível que você não saiba, mas as unhas são uma extensão da pele, assim como o cabelo. Elas desempenham um papel essencial na proteção das falanges (último osso dos dedos) e na funcionalidade das mãos e dos pés. Pode não parecer, mas auxiliam na captura e manipulação de pequenos objetos, além de aprimorar o tato. Adicionalmente, ainda exercem uma função estética.
As unhas funcionam como uma barreira protetora nas extremidades dos dedos, que são regiões altamente sensíveis e com grande concentração de terminações nervosas. Além disso, contribuem para atividades cotidianas, como segurar objetos, manipular coisas e oferecer maior estabilidade ao toque, conforme explica o dermatologista Andrey Malvestiti, do Hospital Israelita Albert Einstein.
A sua importância transcende a funcionalidade e a estética. O estado das unhas pode refletir a saúde geral do organismo. Alterações na superfície, cor, espessura e textura, por exemplo, podem indicar deficiência de vitaminas ou doenças sistêmicas, como infecções e até mesmo câncer.
É fundamental observar qualquer alteração na aparência das unhas.
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Alterações de superfície
Essa é a queixa mais comum nos consultórios dos dermatologistas, geralmente descrita de forma vaga como unhas fracas, quebradiças, rugosas ou descamando. “As alterações estéticas são o que normalmente levam o paciente para o consultório. Dificilmente elas causam dor ou algum outro sintoma”, relata Malvestiti.
De acordo com o médico, diversas causas podem provocar essas alterações, incluindo o próprio envelhecimento. “Assim como a pele envelhece e apresenta rugas com o passar dos anos, as unhas também, podendo ficar mais frágeis e ásperas. Isso faz parte do processo natural do envelhecimento”, afirma.
Diversos outros fatores podem impactar a aparência das unhas, incluindo a doença arterial periférica (varizes e problemas vasculares), distúrbios endócrinos (alterações da tireoide ou diabetes descompensado), anemia por deficiência de ferro, doenças dermatológicas (psoríase e dermatites alérgicas) e até mesmo a gravidez, devido ao desvio de nutrientes para o bebê.
As unhas podem apresentar mudanças sem que isso indique um problema de saúde, mas também podem revelar algo mais sério, que requer diagnóstico e tratamento adequados, alerta o médico.
As condições ocupacionais também devem ser consideradas quando uma pessoa relata alterações nas unhas. Na avaliação clínica, é necessário obter informações sobre a rotina do paciente, incluindo o tipo de trabalho que exerce, o contato com água ou produtos químicos, por exemplo.
Atletas, como corredores ou jogadores de tênis, apresentam maior risco de alterações nas unhas dos pés devido ao atrito dos calçados e maior probabilidade de sofrer traumas físicos. Indivíduos que frequentemente removem a cutícula na manicure também são mais propensos a ter o problema. “A cutícula existe para proteger a lâmina da unha. Ao ir à manicure e remover a cutícula toda semana, pode-se causar pequenos traumas na matriz da unha e gerar uma lâmina defeituosa”, adverte Malvestiti.
Alguns medicamentos também podem provocar essas alterações, como os retinoides e quimioterápicos. “Quando o paciente chega ao consultório com essa queixa, em geral, ele alega ser falta de vitamina. Pode até ser essa a origem do problema, mas não podemos nos limitar a isso. Existem diversas outras causas com maior gravidade e relevância. Por isso é tão importante investigar bem a queixa. Muitas vezes, o tratamento não envolve nenhum remédio, apenas adequações na rotina e nos hábitos de vida”.
Alterações de cor
Manchas brancas podem ser uma característica natural da pessoa ou decorrentes do uso excessivo de esmaltes sem intervalos para a recuperação das unhas, o que pode causar desidratação da lâmina ungueal. “Unhas precisam de hidratação. O uso contínuo de esmaltes pode ressecá-las, resultando no aparecimento de manchinhas brancas”, afirma Malvestiti, que recomenda pausas entre as esmaltações.
Manchas vermelhas e roxas também podem ser o conhecido “sangue pisado”, resultante de pequenos traumas que provocam hemorragias localizadas sob a lâmina ungueal, sem consequências significativas.
Manchas de coloração marrom, cinza ou preta podem indicar câncer de pele, como o melanoma subungueal. Apesar de a maioria dessas alterações ser inofensiva, é essencial consultar um dermatologista ao identificar qualquer mudança de cor. “Pode ser apenas uma pinta na unha, ou mesmo uma pigmentação comum de peles mais escuras. No entanto, é importante procurar o dermatologista para uma análise mais detalhada, que distinga uma lesão benigna de um câncer de pele.”
Além do melanoma, vários outros tumores podem afetar as unhas, como carcinomas, fibromas e granulomas — porém, nesses casos, sem causar alterações na coloração. “Um ponto importante é que as alterações causadas por tumores geralmente afetam apenas uma unha, enquanto problemas sistêmicos costumam atingir várias ao mesmo tempo”, pontua o dermatologista. O tratamento geralmente envolve a remoção cirúrgica da lesão, podendo ser necessário acompanhamento oncológico.
Desprendimento.
O desprendimento das unhas pode resultar de fatores como traumas, infecções fúngicas, alergias a substâncias químicas ou doenças sistêmicas. Segundo Malvestiti, a principal causa desse problema é a micose (onicomicose), que se instala a partir de pequenas descamações (decorrentes de atividades esportivas, por exemplo). O descolamento geralmente inicia-se na extremidade da unha e, se não for tratado, pode se propagar e afetar toda a lâmina ungueal.
Espessamento
As unhas tornam-se mais espessas, rígidas e apresentam acúmulo de material (como uma massa) sob a unha. Uma das principais causas também é a micose, que inicialmente provoca o descolamento e, com o tempo, leva ao espessamento e acúmulo de queratina abaixo da unha.
O tratamento envolve reduzir a espessura da unha por meio de lixamento, a fim de possibilitar a penetração dos medicamentos antifúngicos na região afetada. “Frequentemente, os pacientes levam anos para consultar um dermatologista. Quanto maior o tempo decorrido, mais alteradas ficam as unhas e mais difícil se torna o tratamento.”
Danos por infecções
Adicionalmente, as unhas também podem sofrer infecções decorrentes de bactérias ou vírus, resultando em alterações de cor, espessamento, descamação e dor.
As infecções fúngicas são as mais frequentes, enquanto as bacterianas (como a paroniquia) podem provocar vermelhidão, inchaço e até formação de pus na área da unha. Já as infecções causadas pelo HPV (papilomavírus humano) podem levar ao surgimento de verrugas ao redor das unhas. O tratamento varia de acordo com a causa, sendo fundamental procurar orientação médica ao identificar qualquer alteração.
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Fonte: Metrópoles