Indígenas presos em tribunal de situação criminal são foco de operação
30/04/2025 às 12h50

A Polícia Civil do Tocantins iniciou, na manhã de quarta-feira (30/4), uma operação para cumprimento de um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão contra integrantes de facções suspeitos de envolvimento em crimes de tortura e no tribunal do crime.
A operação, chamada Rasante, obteve mandado contra um homem de 27 anos, identificado como V.H.A.G.
As investigações indicam que os envolvidos em facções são os autores dos inúmeros delitos cometidos na região de Paraíso do Tocantins, abrangendo roubos de bens e de armas de fogo.
Conforme   Antonio Onofre Oliveira da Silva Filho, delegado chefe da DEIC, foi verificado que os criminosos desempenham funções típicas de “tribunais do crime”, aplicando julgamentos independentes a pessoas que violam as normas da facção, como a que proíbe roubos em área controlada pelo grupo.
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Destacou que as vítimas, em sua maioria usuários de drogas, sofrem de agressões físicas conhecidas como “madeirada”, além de outras formas de tortura de extrema violência.
As investigações iniciaram após a apuração de torturas sofridas por usuários de drogas e de um homicídio ocorrido na região em janeiro deste ano.
Na investigação, constatou-se que os integrantes das facções “Solução” e “Atribuído” cometeram homicídio de um membro sem a autorização da liderança da facção, e as lideranças regionais realizaram um processo interno para apurar a conduta desses indivíduos.
O delegado ressaltou que, em punição, o tribunal determinou o afastamento das funções do cargo na facção, considerando um Procedimento Administrativo Disciplinar como se fossem funcionários públicos.
De acordo com a polícia, as punições do tribunal do crime variam, podendo incluir afastamento de funções, chicotadas, mutilação e até a morte do envolvido que agiu sem a autorização dos chefes.
Ordens.
Na Penitenciária de Paraíso do Tocantins, foi cumprido um mandado de prisão contra V.H.A.G., também conhecido como Megamente ou Estudioso, que ocupa o cargo na facção “Regional da Centro-Oeste do Tocantins”. Megamente foi preso no último sábado (26) por tráfico de drogas.
Na operação, três indivíduos foram presos em flagrante e um adolescente apreendido em envolvimento com tráfico de drogas. Foram apreendidos entorpecentes, matérias factíveis, equipamentos eletrônicos e celulares. O material apreendido será analisado, podendo auxiliar em novos desdobramentos da investigação.
Operação
A operação foi coordenada pela 6ª Divisão Especializada de Combate ao Crime Organizado (DEIC – Paraíso), unidade responsável pelas investigações, e contou com o apoio de policiais civis da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), da 1ª Divisão Especializada Repressão a Narcóticos (Denarc – Palmas), da 6ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Vulneráveis (DEAMV – Paraíso) e das 61ª e 62ª Delegacias de Polícia, ambas de Paraíso.
O termo rasante designa uma reunião habitual, frequentemente diária, com o objetivo de alinhar estratégias, acompanhar o desempenho de ações internas e planejar ações criminosas coordenadas no futuro.
As reuniões acontecem por meio de videoconferência utilizando um aplicativo, com a participação de membros da facção, lideranças regionais e disciplinas (responsáveis pela execução das atividades). Ao final da reunião, é publicado no grupo um tipo de “ata de reunião”, denominado rasante.
O delegado afirmou que a investigação possibilitou o mapeamento da estrutura dessa organização criminosa na cidade de Paraíso do Tocantins, identificando grande parte dos membros, da liderança regional até a ponta operacional.
A declaração indicou a presença de integrantes com históricos criminais extensos, com múltiplas prisões e envolvimento em crimes graves, como homicídios, tráfico de drogas, sequestros, cárcere privado e torturas.
Fonte: Metrópoles