Uma semana antes do conclave, o perfil do novo papa ainda é um mistério
01/05/2025 7h27

Semana antes da abertura do conclave, debates privados entre cardeais no Vaticano se intensificam para definir o próximo papa. Os membros do clero oferecem poucas informações sobre sua decisão, mas sugerem um desfecho rápido.
A atmosfera é muito pacífica, é um momento de diá”, declarou o cardeal colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal aos diversos jornalistas que o aguardavam na manhã desta quarta-feira (30/4), em frente à Sala Paulo VI, no Vaticano.
Na sede, ocorreu a sétima assembleia geral, uma reunião restrita a mais de 180 cardeais, incluindo 124 eleitores, que discutiram as prioridades para o futuro da instituição de longa história.
Os participantes analisaram a conjuntura econômica e financeira da Santa Sé, declarou Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa do Vaticano. Foram realizadas 14 apresentações até as 12h30, abordando temas como a polarização da Igreja, vocações e evangelização, complementou Bruni, informando que a próxima assembleia geral seria realizada na sexta-feira, às 9h no horário local (4h em Brasília).
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As assembleias gerais, uma espécie de “pré-conclave”, realizadas diariamente até 6 de maio, também possibilitam a definição do perfil do próximo papa Francisco. Elas foram cruciais na eleição do papa Francisco em 2013.
Compartilhando a própria visão, alcançaremos um panorama objetivo da situação atual do mundo e da Igreja e estaremos em boas condições para traçar o perfil do novo papa”, diz o cardeal espanhol Cristobal Lopez Romero, arcebispo de Rabat, ao Vatican News.
Número recorde de cardeais
Cento e três cardeais eleitores, com menos de 80 anos, compareceram à Capela Sistina em 7 de maio. Dois religiosos comunicaram sua ausência devido a questões de saúde.
Em reuniões preparatórias, alguns cardeais que viajaram de diferentes lugares devem se familiarizar com o funcionamento da instituição vaticana e se conhecer, em um colegiado de diversidade sem precedentes.
O cardeal Carvajal assegurou que “não houve menção a pressão, polarização ou manipulação”.
A principal questão apresentada por fiéis e jornalistas em relação à sucessão, é se o novo papa seguirá a linha estabelecida por Jorge Bergoglio, defensor das periferias. No colégio eleitoral, aproximadamente 80% dos cardeais foram indicados por ele.
Cristobal Lopez Romero afirmou que o próximo papa não precisa ser um Francisco II, um imitador de Francisco.
“Não estou nervoso, mas estou curioso”, acrescentou, admitindo estar “um pouco preocupado” com a responsabilidade da tarefa.
“É o que sinto, é o que percebo na atmosfera”, declarou na quarta-feira o prelado salvadorenho Gregorio Rosa Chávez quando questionado sobre a probabilidade de continuidade com Francisco.
Impacto africano e sul-americano
O crescimento da importância de bispos de África e Ásia também pode influenciar esta eleição.
O que mais chama a atenção é a diversidade. Africanos ou sul-americanos, quando falam, são de mundos distintos. Não somos opostos, mas possuímos uma visão muito eurocêntrica. Observamos que não compartilhamos as mesmas prioridades, afirmou um cardeal eleitor europeu na terça-feira.
Para ele, as reuniões são uma fase de análise onde “ouvimos, tentamos entender”. Então, o conclave será uma síntese com uma pessoa.
Na cúpula, que contará com a presidência do cardeal italiano Pietro Parolin, são necessários dois terços dos votos para a eleição do papa, cuja nomeação será então divulgada “urbi et orbi”, para Roma e para o mundo.
Quanto à provável duração do processo, os poucos cardeais que concordaram em responder a perguntas urgentes da mídia pareciam estar contando com uma decisão rápida. “No máximo três dias”, previu o cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chavez.
Com o início do conclave previsto, seguem-se os preparativos para a Capela Sistina, que permanece fechada ao público desde segunda-feira.
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Fonte: Metrópoles