MP investiga aluno por zombarias em faculdade do Distrito Federal
Em abril deste ano, o influenciador Leonardo Avila publicou um vídeo contendo declarações preconceituosas. Alunos da instituição relataram o ocorrido.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investiga declarações preconceituosas gravadas em vídeo por um estudante de uma faculdade particular do Distrito Federal. Após o incidente, ocorrido em abril deste ano, estudantes da instituição se mobilizaram e relataram as ofensas à entidade, que instaurou Notícia de Fato (início de um procedimento investigatório) em 10 de abril.
O estudante investigado é Leonardo Avila (foto em destaque), aluno do curso de Administração no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e filho de Leonardo Oliveira de Ávila, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do DF (Codese-DF). Ele é influenciador digital e publicou as declarações em uma rede social onde possui quase 234 mil seguidores e milhões de visualizações.
O IDP comunicou que, após tomar conhecimento do fato, instaurou uma comissão disciplinar para apurar a conduta de Leonardo.
Lembrete.
O autor do conteúdo, que estuda no campus da Asa Norte, em Brasília, inicia o vídeo afirmando que sua mãe permitiu que ele mudasse de instituição de ensino, mas explicou que já realizou essa troca diversas vezes e, por isso, ele se sente mal. “Eu já troquei de faculdade três vezes e, aparentemente, não gosto das pessoas nem das faculdades que escolho.”
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Ele disse que não é só pela falta de dinheiro que as pessoas, pelo menos na sua faculdade, são pobres, é pobre de tudo, entendeu? As pessoas ainda comentam: “Nossa, Léo, mas a sua faculdade é cara”. É cara, mas qualquer um encontra um jeito de pagar aqui, porque só tem gente da favela.
Leonardo conclui o vídeo expressando seu receio de mudar de instituição e se arrepender novamente. “Vocês já passaram por isso?”, pergunta o estudante.
O vídeo foi amplamente divulgado entre os estudantes da instituição, que expressaram indignação com as declarações. “Vejam esse vídeo. São assim que alguns enxergam os colegas de faculdade: como ‘favelados’, só porque são bolsistas ou não têm grana”, escreveu um aluno.
Retratação
Posteriormente, o influenciador publicou um vídeo com o título “posicionamento sobre vídeo na universidade”. Na publicação, Leonardo aparece sorrindo, afirmando a vontade de reparar o uso de “palavras equívocas (sic)”.
Disse que utilizei termos como se meus colegas da faculdade e do meu círculo tivessem dificuldades financeiras, o que incomoda algumas pessoas, mas, em última análise, não devemos nos importar com a situação financeira dos outros, e sim com a qualidade das pessoas.
Ele afirmou não ter a intenção de ofender e pediu desculpas pelo ocorrido.
Posicionamento
Diante dos vídeos, o IDP comunicou, na ocasião, que instaurou uma comissão disciplinar para apurar a conduta do aluno, que estuda administração no campus da Asa Norte. O estudante terá o direito de apresentar sua defesa no prazo determinado.
A instituição possui regulamento interno que impede ofensas, comentários difamatórios e condutas ofensivas contra membros do corpo docente e discente. Após análise do caso por uma comissão de professores, o IDP decidirá qual medida disciplinar será aplicada, que pode incluir advertência, suspensão ou até expulsão.
O episódio é triste e não reflete a visão institucional. O IDP condena toda forma de preconceito. Possuímos medidas ativas de diversidade para o corpo docente e discente. Temos orgulho dos nossos bolsistas. Trabalhamos arduamente, diariamente, por um país mais inclusivo, afirmou Atalá Correia, diretor acadêmico da graduação do IDP.
Em comunicado, o IDP declarou reafirmar seu compromisso com o respeito, a inclusão e a dignidade de todos os membros de sua comunidade acadêmica. A instituição condena veementemente qualquer ato discriminatório e informa que medidas apropriadas estão sendo implementadas com a devida responsabilidade. O aluno recebeu formalmente a notificação sobre o início do processo administrativo.
Fonte: Metrópoles