Milícia no Brás: relatos de testemunhas protegidas. Uma delas foi assassinada
Uma testemunha protegida que denunciou a milícia que extorquia comerciantes no Brás foi assassinada a tiros em frente à sua residência.

São Paulo — Uma comerciante brasileira foi morta a tiros momentos antes de entrar em um carro por aplicativo, na noite do último domingo (27/4), na zona leste de São Paulo. Edineide Aparecida Rodrigues, de 57 anos, era uma das testemunhas protegidas que denunciaram a polícia à milícia que atua com extorsões no Brasil, no centro da capital.
Adicionalmente, pelo menos outras 24 testemunhas declararam, detalhando o método utilizado pelo grupo acusado de extorquir comerciantes da região.
Os comerciantes da Feira da Madrugada, no Брас, relatam extorsão por criminosos que cobram, semanalmente, uma “taxa de segurança” entre R$ 50 e R$ 300, conforme a área e o grupo responsável.
Além disso, existem taxas adicionais, como a “luva”, taxa de R$ 10 mil cobrada para utilizar um ponto ou espaço na rua, e o aluguel, pago semanalmente, no valor de R$ 500. Os comerciantes também relataram pagar uma taxa de energia elétrica, fornecida por ligações clandestinas em postes da Enel.
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Agressões, torturas e a atuação de policiais
Durante as cobranças, os indivíduos, que se autodenominavam “seguranças”, frequentemente assaltaram e agrediram comerciantes, alegando pertencer ao Primeiro Comando da Capital (PCC) ou serem policiais, utilizando arma de fogo para intimidar as vítimas. Posteriormente, as investigações revelaram a participação de agentes públicos no esquema.
O Ministério Público de São Paulo apura que o cabo José Renato Silva de Oliveira, os sargentos da PM Wellington Stefani e Humberto de Almeida Batista, a escrivã da Polícia Civil Viviane Letícia Felix Trevisan e os PMs reformados Maurício Oliveira de Souza e Sergio Ferreira do Nascimento integraram o braço armado da extorsão.
As vítimas relataram a destruição de bens, além de terem sido removidas à força da área comercial, após atrasar ou não conseguir pagar os valores exigidos pelos criminosos. Há relatos ainda de torturas, praticadas no interior do Shopping Feira da Madrugada. Muitos dos episódios foram gravados em vídeo.
A atuação de ONGs
A investigação do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, identificou a atuação de ONGs e associações no local como uma estratégia para conferir aparência de legitimidade às cobranças.
Uma dessas associações era a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais do Comércio Solidário do Brasil (CoopsBrasil), administrada pelo casal Kelen Batista e seu marido Peterson Ribeiro Batista, popularmente conhecido como “Tetinha”.
De acordo com a apuração, ambos foram mencionadas pelos oferdadores de testemunho, sendo que outra vítima indicou a CoopsBrás como a empresa de cobertura que os extorsionários empregam para conferir aparência de legitimidade aos cobranças indevidas.
A vice-presidente da associação foi vista caminhando entre as barracas e conversando com os comerciantes. Acompanhada por cinco homens armados, ela exigia pagamentos e delimitava áreas com uma trena para os animais.
Testemunha protegida é morta a tiros em frente à residência.
Vídeo demonstra a execução.
Uma câmera de segurança capturou o homicídio. As imagens mostram o momento em que um suspeito se aproxima, grita para Edineide não reagir e atira na vítima, que cai no chão.
O motorista do carro de aplicativo sai em seguida. Uma câmera de segurança registra o suspeito fugindo do local. As imagens são apresentadas.
Fonte: Metrópoles