Após a chamada “taxa das blusinhas” nos EUA, Temu recruta vendedores norte-americanos
Plataformas como Temu e Shein têm expandido suas operações de centros de distribuição nos EUA por vários anos para diminuir os tempos de entrega, contudo, os preços têm aumentado e produtos estão em falta.

Após horas da expiração da importante isenção tarifária dos EUA, a plataforma de comércio eletrônico chinesa Temu anunciou, horas depois, que está reformulando seu modelo de remessa, enviando todas as vendas americanas por meio de vendedores localizados nos EUA.
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“Todas as vendas nos EUA agora são gerenciadas por vendedores locais, com pedidos atendidos dentro do país”, declarou um porta-voz da Temu em comunicado na manhã de sexta-feira (2). “A Temu tem recrutado ativamente vendedores americanos para se juntarem à plataforma.”
A mudança representa uma grande mudança para a plataforma. A Temu e outros sites de comércio eletrônico chineses como Shein e AliExpress já haviam utilizado a isenção de minimis, como era conhecida, para inundar os EUA com produtos de preços ultrabaixos. E embora o presidente dos EUA, Donald Trump, diga que quer que suas novas tarifas ajudem a trazer a indústria de volta aos EUA, a iniciativa da Temu mostra como grandes empresas poderiam driblar essa demanda e tentar outras táticas.
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A margem mínima permitia a entrada de mercadorias com valor de até US$ 800 nos Estados Unidos sem impostos, frequentemente evitando inspeções e burocracias complexas. Plataformas de comércio eletrônico chinesas maximizaram essa isenção, enchendo o mercado norte-americano com produtos de baixo custo. Contudo, com Trump aplicando tarifas sobre importações chinesas, os milhões de americanos que dependiam desses produtos acessíveis passaram a enfrentá-los com preços mais elevados.
A grande maioria dos produtos Shein e Temu são fabricados na China e importados diretamente para os EUA, o que explica os preços tão baixos.
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A nova linguagem corporativa da Temu pode lembrar a de Trump. Contudo, o fato de um produto ser enviado aos clientes a partir de um “armazém local” não implica que seja fabricado nos EUA.
Sites como Temu e Shein têm expandido seu portfólio de armazéns nos EUA há anos para diminuir os prazos de entrega. No ano passado, o governo Biden também começou a criticar a isenção de minimis, com os transportadores chineses percebendo uma mudança clara de atitude.
A Shein começou a armazenar produtos e enviá-los em grandes quantidades para armazéns nos EUA já no ano passado, disse anteriormente a Chris Tang, professor de gestão da cadeia de suprimentos global na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
A agência de notícias Bloomberg informou em fevereiro que a Temu iniciou a reestruturação de sua cadeia de suprimentos na China, solicitando às fábricas fornecedoras que enviassem produtos em grande quantidade para armazéns nos EUA. Não se sabe se, após o esgotamento dos itens, os consumidores americanos continuarão sem acesso ou se novos produtos estarão sujeitos às tarifas impostas por Trump à China.
Atualmente, isso implica que produtos fabricados no exterior estão sendo entregues aos consumidores americanos através de distribuidores locais. A Temu não divulga publicamente seus parceiros fabricantes.
Tang afirmou, na sexta-feira (2), que, em caso de falta de produtos, a Temu terá alternativas limitadas. A empresa poderia repor os itens, o que demandaria investimento de tempo e recursos financeiros. Alternativamente, o site poderia iniciar a oferta de “substitutos” ou produtos similares disponíveis em estoque. Outra possibilidade seria o aumento dos preços.
O Temu iniciou o aumento de preços na semana passada.
Os clientes começam a comprar.
A Temu declara em seu site a ausência de taxas de importação ou custos adicionais no envio de produtos provenientes de depósitos locais. Usuários nas redes sociais relatam que os itens já estão esgotados.
Um usuário do Reddit relatou que, na sexta-feira, aproximadamente 60 produtos em seu carrinho deixaram de estar disponíveis.
Outro usuário relatou que alguns produtos do Temu não estão disponíveis em estoque local, observando que seu carrinho digital, contendo mais de 300 itens, foi reduzido a apenas dois. O usuário também mencionou que uma taxa extra era cobrada caso um pedido local não atingisse o valor mínimo de US$ 30.
O Temu desapareceu. O que observei hoje me convenceu totalmente. Os vendedores locais, embora tenham adquirido alguns produtos com antecedência e em grande quantidade, não dispõem dos itens que me interessavam.
Elisabeth Buchwald, da CNN, colaborou nesta reportagem.
Tribunal determina que Kopenhagen não possui mais o direito exclusivo da expressão “língua de gato”.
Fonte: CNN Brasil