Mulheres negras encontram no empreendedorismo uma alternativa diante da escassez de oportunidades

Dados do Dieese indicam disparidades de renda e acesso ao mercado de trabalho formal entre mulheres negras e outros grupos no Brasil.

08/05/2025 16h05

3 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

Desemprego e renda insuficiente estimulam negócios por razão da necessidade.

O número de mulheres negras que buscam o empreendedorismo devido à ausência de oportunidades no mercado de trabalho tem aumentado no Brasil.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo o Dieese, com base na Pnad Contínua do segundo trimestre de 2024, a taxa de desocupação entre mulheres negras atingiu 10,1%.

Entre homens não negros, a taxa foi de 4,6%.

Leia também:

Essa desigualdade também se manifesta nos ganhos.

Na mesma época, a renda média das trabalhadoras negras foi de R$ 2.079.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Este valor corresponde a menos de metade da média de ganhos dos homens brancos, que atingiu R$ 4.492.

O rendimento médio entre os trabalhadores negros foi de R$ 2.392.

Este valor é aproximadamente 40% menor que a média geral de R$ 4.008.

Barreiras estruturais impactam o empreendedorismo feminino negro.

Apesar do aumento do empreendedorismo entre mulheres negras, o acesso a recursos e apoio permanece restrito.

Conforme Talita Matos, fundadora da consultoria Singuê, o desafio transcende o capital inicial.

Iniciar um negócio demanda conhecimento empreendedor, uma rede de apoio e acesso a contatos.

Contudo, ressalta-se que a maioria das mulheres negras não dispõe dessas ferramentas.

Essa situação torna o empreendimento uma atividade de alto risco.

Conforme Talita, a desigualdade histórica e social impede o acesso a direitos fundamentais, incluindo crédito e espaço no mercado.

Essa situação também põe em risco o futuro das próximas gerações, se os obstáculos não forem removidos.

O empreendedorismo afrodescendente promove a identidade e a coesão comunitária.

A Singuê foi desenvolvida por Talita Matos e Eliezer Leal em resposta à necessidade de soluções empresariais focadas na diversidade.

A empresa é formada por profissionais negros nas áreas de gestão, recursos humanos e educação.

O nome significa “entrelace”.

Talita acredita que a decisão reflete a busca por compatibilizar os interesses das empresas com os dos seus colaboradores.

A consultoria oferece estratégias customizadas de diversidade e inclusão para empresas e organizações do terceiro setor.

A Singuê, com quatro anos de atuação, já impactou mais de 1.600 profissionais negros.

Os programas atendem aos setores de varejo, tecnologia e indústria.

A consultoria atende clientes como Carrefour, Lojas Renner, Natura e Gerdau.

Adicionalmente, entidades como a Fundação Itaú e o Instituto Alana também compõem a base de clientes atendidos.

Projetos expandem a rede de apoio a empreendedoras negras.

Iniciativas como a PretaHub fortalecem a participação de mulheres negras no empreendedorismo.

Esses projetos proporcionam capacitação e conexões com o mercado.

A rede já atingiu mais de 10 mil pessoas por meio de iniciativas de inovação e aceleração.

Adicionalmente, promove a organização da Feira Preta, o maior evento de cultura negra e economia criativa da América Latina.

Talita Matos destaca que várias mulheres se destacam no campo do afroempreendedorismo.

Incluem-se Andreza Rocha, fundadora da AfrOya Tech Hub; Rosangela Menezes, diretora executiva da Awalé; e Shaienne Aguiar, da Mascavo Criativo.

Ela ressalta que, nessa área, o desempenho superior é essencial para a permanência no mercado.

“Nós somos quase sempre a nossa melhor versão como prestadoras de serviços. Isso garante a nossa validação”, afirma.

Termos como “excelência negra” reforçam o posicionamento no mercado.

Para Talita, o empreendedorismo afro é uma maneira de responder aos obstáculos estruturais com criatividade e estratégia.

Ela explica que o termo “excelência negra” representa a exigência por desempenho enfrentada por quem precisa provar seu valor constantemente.

O empreendedorismo negro contribui para o aumento da autoestima.

Adicionalmente, apresenta soluções baseadas em uma força ancestral, abrangente.

Fonte: Carta Capital

Ative nossas Notificações

Ative nossas Notificações

Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.