Papa pode beber cerveja? Veja o que a Igreja afirma sobre o tema

O papa Leão XIV, eleito recentemente como o próximo líder da Igreja Católica, já visitou o Brasil em diversas ocasiões. Em uma delas, o pontífice esteve no Colégio Santo Agostinho em Belo Horizonte para celebrar o aniversário de 70 anos da instituição e realizou encontros com frades agostinianos.

Publicação compartilhada pelo Colégio Santo Agostinho. BH (@colegiosantoagostinho.bh)

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Fotos da visita do papa Leão XIV segurando uma cerveja se espalharam nas redes sociais. O então frei Robert Prevost ocupava o cargo de prior geral da Ordem de Santo Agostinho, em uma posição de liderança como superior global.

Amigos mineiros postaram em grupos de WhatsApp a foto abaixo. Informam que o cachorro de camisa azul à direita, bebendo uma cerveja, é o Papa Leão XIV, em uma celebração do Colégio Santo Agostinho de BH, em 2012.

Renato Alves (@renatoalvesdf) 9 de maio de 2025

Apesar das controvérsias, o especialista em Vaticano Raylson Araújo explica que não há nenhuma proibição formal sobre o consumo de álcool na Igreja e nunca houve, nem mesmo de forma informal.

Dentro da tradição católica, o apóstolo Paulo, ao citar um trecho bíblico, aborda a moderação. A partir daí, a Igreja compreende que não há problema em beber, o problema reside no embriagueiro, no excesso.

O especialista complementa que na tradição católica existe um livro chamado “Ritual de Bênçãos” que incluía a “benção da cerveja”.

Araújo adiciona que o livro foi revisado na década de 60 e, após a reforma litúrgica, foi descontinuado por uma questão comum. A Igreja não deixou de abençoar a cerveja nem começou a classificá-la como pecado.

O especialista aponta que no Brasil existe um certo viés moralista, influenciado pelo evangelicalismo e por uma tradição de “ceremonial” com membros da alta hierarquia da Igreja.

No Brasil ainda existe essa prática de reservar um espaço para o padre em festas, oferecendo-lhe uma mesa e uma refeição especial. Nos demais países da América Latina, isso não é comum.

Os bispos e padres na América Latina, em geral, têm uma grande proximidade com o povo, sem uma distinção clara entre clero e população, sobretudo em questões de costumes. Frequentemente, observa-se vídeos com religiosos latino-americanos cantando, tocando violão e dançando, ele afirma.

A questão também explicaria o comportamento de Leão XIV, um religioso que se dedicou principalmente no Peru e que possui cidadania peruana desde 2015.

O Papa Bento XVI também participou de um evento com uma cerveja na mão durante a celebração de seu 90º aniversário.

Em 17 de abril de 2017, o papa emérito Bento XVI e o primeiro-ministro da Baviera, Horst Seehofer, tomaram uma cerveja no Jardim do Vaticano, na Cidade do Vaticano.

O secretário particular de Bento XVI, Georg Gänswein, também aparece na imagem entre os dois homens.

O Papa Bento XVI celebrou seus 90 anos de idade, recebendo visitas de pessoas da Baviera, estado alemão de sua origem. A ocasião foi marcada por uma pequena reunião de amigos, com a presença de seu irmão mais velho, Georg Gaenswein, e sua governanta.

Mosteiros medievais produziam cerveja

O especialista em Vaticano Raylson Araújo recorda a tradição da Igreja com a cerveja, que é milenar, e alguns mosteiros medievais tinham o hábito de produzir a bebida.

Ele explica que havia monges eruditos, capazes de ler e escrever, que se dedicavam à produção, atuando como copistas e produzindo cópias do texto bíblico e dos livros litúrgicos. Aqueles que não sabiam ler e escrever, participavam das orações.

Então, existiam mosteiros que produziam bolos, existiam mosteiros que faziam doces. Em São Paulo, por exemplo, temos o mosteiro de São Bento, que possui uma padaria, onde se compram doces. E alguns mosteiros medievais fabricavam cervejas, eles produziam as cervejas, acrescenta.

Araújo ainda conclui que Hildegarda de Bingen, uma monja alemã mística do século XII, é frequentemente associada à invenção da cerveja.

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Fonte: CNN Brasil