Cientistas alertam que o país pode conter rápida disseminação da gripe aviária

Identificado no Rio Grande do Sul o primeiro caso de gripe aviária no Brasil.

17/05/2025 3h03

5 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Após a divulgação do primeiro foco em gripe aviária em uma granja comercial no interior do Rio Grande do Sul, nesta sexta-feira (16), cientistas afirmam que o país possui capacidade para manter medidas de segurança sanitária e assegurar que o vírus não se propague rapidamente.

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A identificação do caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAP) no Montenegro (RS) gerou preocupação no setor produtivo e no mercado. O município é considerado estratégico na cadeia avícola, responsável por aproximadamente 15% das exportações brasileiras de carne de frango.

As autoridades implementaram ações como abate sanitário, rastreamento de contatos e eliminação de ovos, além da declaração de estado de emergência zoossanitária por 60 dias.

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Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) estimam que o setor tem potencial para aumentar os protocolos sanitários e controlar a propagação rapidamente.

Em entrevista à CNN, o deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, afirmou que o governo federal adotou uma postura “firme” e “celerada” na resposta ao primeiro registro do vírus da gripe aviária no Brasil.

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A posição (do governo) foi firme. A equipe técnica realizou um processo bem estruturado e célere de resposta para demonstrar que não há impactos em outras granjas. O desafio agora é mitigar o impacto no mercado internacional, afirmou o parlamentar.

Ainda de acordo com o Cepea, cerca de um terço da carne de frango produzida no Brasil é direcionado à exportação. A China é responsável por pouco mais de 10% das compras internacionais, a União Europeia por aproximadamente 4,5% e os países do Oriente Médio, em conjunto, representam 30% das exportações.

É necessário esperar pelos esforços da diplomacia comercial brasileira, que devem atuar para diminuir a abrangência do embargo da China e da União Europeia. A flexibilização da suspensão total da carne de aves do Brasil, prevista em contrato, pode interessar também aos importadores, considerando o impacto que seus consumidores teriam com a não disponibilização do produto, ressaltam.

Apenas China, União Europeia e Argentina suspenderam as exportações de carne de frango do Brasil, informa o Ministério da Agricultura. Contudo, o país sul-americano continuou a importação de material genético brasileiro.

As contenções já foram adotadas.

A área impactada, contendo aproximadamente 17 mil aves reprodutoras, já teve medidas de controle implementadas, incluindo abate sanitário, rastreamento de contatos e eliminação de ovos, além da declaração de estado de emergência zoossanitária por 60 dias.

O incidente se verifica em um momento crítico para o setor agropecuário. Em 2024, o Brasil respondeu por 35% do comércio mundial de frango, com mais de US$ 10 bilhões em exportações.

Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão na frente como compradores e geram preocupação nos investidores devido a possíveis embargos que podem ser aplicados.

O diretor-executivo da Audax Capital, Pedro da Matta, afirma que o ocorrido já pressiona a cadeia produtiva, com impactos nos preços, nas exportações e na demanda por crédito emergencial dos produtores.

O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, e ocorrências como essa, mesmo que transitórias, possuem repercussão internacional. Há indícios de que alguns países podem temporariamente retomar suas importações, o que pode gerar um excesso de oferta no mercado interno. Isso pressiona os preços de produtos como ovo e frango, diminuindo a lucratividade dos produtores.

Ainda assim, na ótica do sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos, é preciso cautela na análise do mercado.

Notícias como essa geralmente causam medo e chamam bastante atenção, mas é importante parar e analisar com um pouco mais de calma. O Ministério da Agricultura e a Vigilância Sanitária estão sempre atentos aos riscos de doenças, com protocolos muito claros para contenção. É do interesse tanto do governo quanto dos produtores mitigar rapidamente esses efeitos.

Para ele, os impactos podem afetar principalmente empresas com grande exposição à cadeia do setor avícola.

É possível que haja, de fato, um impacto temporário em empresas do setor, incluindo a BRF, contudo também existe uma grande possibilidade de que o mercado reaja a um acontecimento que ainda está sob controle.

A situação se torna ainda mais complexa com o anúncio da fusão entre Marfrig e BRF, divulgado na quinta-feira (15), que também gerou movimentação no mercado. Uma das principais atividades das empresas é o processamento de aves.

Nesse movimento, as ações da Marfrig aumentaram mais de 17% nesta sexta-feira, enquanto as da BRF caíram cerca de 2%, refletindo reações distintas dos investidores, principalmente em meio ao cenário de incertezas sobre a situação aviária.

A interrupção das exportações da China e da União Europeia pode causar impacto de intensidade média não apenas no mercado de frango, mas também nas cadeias de carne suína, bovina e grãos, incluindo o milho.

Os pesquisadores consideram que o caso é muito recente e ainda é cedo para cenários bem definidos.

O Cepea também constatou que, anterior à identificação do foco, o mercado interno de frango mantinha preços estáveis tanto para o produtor quanto no atacado, com boa movimentação. O escoamento por meio das exportações era um dos principais elementos que sustentavam os preços no mercado doméstico.

Vasconcellos ainda pontuou que, mesmo com as restrições impostas, se o foco for na contenção e o Brasil mantiver transparência com os parceiros internacionais, a tendência é que os efeitos sejam limitados.

Em situações como essa, já observamos anteriormente que o excesso de oferta de frango no mercado interno pode resultar em quedas temporárias nos preços, porém ainda é cedo para estabelecer previsões precisas.

Matta sugere que investidores e empresas do setor agrícola avaliem estratégias de proteção de risco, diversificação e o acesso a financiamento.

O agronegócio permanece um dos principais impulsionadores da economia brasileira, porém eventos sanitários como este evidenciam a importância da gestão de risco financeiro para a sustentabilidade do setor, ressaltou.

Fonte: CNN Brasil

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