Nunes lidera grupo de prefeitos com plano para privatizar a Sabesp
06/11/2023 às 7h12
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), irá se envolver diretamente na proposta de privatização da Sabesp, empresa de água e esgoto, que é apoiada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também é seu aliado político.
Nunes avisou aliados na Câmara Municipal que vai enviar um projeto de lei autorizando a cidade a manter o contrato com a Sabesp tão logo a Assembleia Legislativa (Alesp) aprove o projeto de privatização da companhia, proposto há duas semanas por Tarcísio.
O atual contrato de prestação de serviço da Sabesp com a Prefeitura, assinado em 2009, tem uma cláusula que diz que, caso a empresa seja privatizada, o acordo perde a validade e precisa ser revisto. A expectativa é que Nunes envie um texto apenas para cumprir a formalidade de estender os termos do contrato para a nova empresa.
No entanto, os vereadores estão planejando fazer grandes mudanças na proposta. Eles querem fazer com que a continuação do contrato com a Sabesp dependa de várias exigências de investimento que a empresa deverá fazer nas redes de água e esgoto da cidade.
Essa cláusula está nos contratos que a companhia tem com 375 cidades de São Paulo e é um problema para o governo, pois pode atrapalhar a privatização. O governo espera que o posicionamento de Nunes em relação a isso possa influenciar outros prefeitos.
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O valor desses contratos vai ser decidido por uma comissão de estudos instalada pela Câmara no dia 26/10. Esses contratos são muito importantes para os investidores poderem avaliar o potencial das ações da Sabesp que serão vendidas pelo governo.
Na reunião para criar o grupo de trabalho, os vereadores concordaram, logo de início, em chamar o diretor-presidente da empresa, André Salcedo, para prestar esclarecimentos sobre o que eles consideram como problemas não resolvidos da empresa na cidade.
Neste problema, existem investimentos destinados a limpar e tratar o esgoto de córregos na região sul. Esses córregos estão poluindo as represas Billings e Guarapiranga, que são importantes fontes de água potável para a população. Também há redes de esgoto clandestinas que chegam ao Rio Tietê.
Além disso, os vereadores querem aumentar o valor dos investimentos feitos pela Sabesp na cidade. Atualmente, a empresa precisa destinar 7,5% de sua receita para esse fim.
Nunes enfrenta disputas com parceiros
A imposição dessa conta extra na privatização da Sabesp tem como pano de fundo um embate envolvendo dois dos principais aliados políticos do prefeito: o governador Tarcísio e o presidente da Câmara, Milton Leite (União).
Leite perdeu o espaço expressivo que tinha no governo estadual, com destaque para o bilionário Departamento de Estradas de Rodagem (DER), após a derrota do PSDB e a posse de Tarcísio. O governador também suspendeu a duplicação da Estrada do M’Boi Mirim, na zona sul, obra que o vereador já havia prometido a seu eleitorado.
O presidente da Câmara agora apoia a série de condições que os vereadores querem impor à privatização da Sabesp. No início do mês, ele criticou a empresa, dizendo que ela causava problemas nas represas. Ele também apoiou a proposta de criação de uma comissão de estudos feita pelo vereador Sidney Cruz.
Nunes, por sua vez, vai manter uma postura neutra em relação ao embate, segundo seus aliados. Seu discurso será o de que a privatização é positiva para a população, uma vez que pode garantir recursos para antecipar investimentos planejados a longo prazo, como promete o governo Tarcísio.
Tarcísio e Nunes têm pressa para resolver a questão o quanto antes e evitar que o tema chegue até o ano que vem, com potencial para contaminar o debate eleitoral. O governador espera aprovar a privatização da Sabesp na Alesp até o início de dezembro.