A Rede Alesp, emissora ligada à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, está sendo empregada para divulgar eventos, entrevistas e conteúdos favoráveis ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o que pode comprometer os princípios de imparcialidade e o uso institucional da televisão pública.

Desde o início deste ano de 2025, pelo menos 20 transmissões ao vivo e conteúdos gravados já foram exibidos sobre a gestão do governador. Em 6 de fevereiro, por exemplo, uma entrevista de mais de uma hora foi ao ar no programa Conexão Paulista, apresentada como uma “edição histórica” com Tarcísio. Com “emoção e lágrimas nos olhos”, como diz a transmissão, o governador fala sobre sua trajetória em São Paulo e promove os programas de sua gestão.

Ademais da atuação nas atividades legislativas, a emissora divulgou, em seu canal no YouTube, vídeos de natureza propagandística acerca de programas do governo de São Paulo, como o “Guri na Escola”, “Alfabetiza Juntos” e os leilões das linhas da CPTM – materiais sem relação direta com a atuação parlamentar.

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Em 8 de maio, realizou-se uma transmissão de 1 hora e 34 minutos que exibiu integralmente o evento de lançamento da Caravana 3D, programa destinado a levar políticas públicas às cidades do interior do estado. A cerimônia foi essencialmente um ato de campanha, com 47 minutos dedicados exclusivamente às falas do governador.

Colaboradores da Alesp informaram à CartaCapital que é bastante preocupante o acúmulo de documentos governamentais, caracterizado pela ausência de seleção e de ligação com o trabalho legislativo da Câmara.

A emissora tem o propósito de levar para todo o Estado de São Paulo as atividades parlamentares desenvolvidas na Assembleia Legislativa.

A Alesp desempenha seu papel na divulgação das atividades parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo. Entre suas ações estão a transmissão ao vivo das sessões do plenário Juscelino Kubitschek, as transmissões das comissões temáticas da Casa, as Frentes Parlamentares, as Comissões Parlamentares de Inquérito e outras atividades institucionais, sem contar os programas em estúdio. Não se trata, de uma TV do governo do Estado.

Além das emissoras legislativas, a comparação com outras TVs públicas demonstra a distinção no tratamento. A TV Cultura, por exemplo, mantida pela Fundação Padre Anchieta e com financiamento público, possui estrutura editorial independente e pluralidade de vozes. Já a Rede Alesp, por ser vinculada diretamente ao Poder Legislativo, deveria zelar ainda mais pela imparcialidade de seus conteúdos.

A assessoria de imprensa do governo do Estado de São Paulo não forneceu respostas aos questionamentos da reportagem. O canal permanece aberto para futuras declarações.

Fonte: Carta Capital