A alta taxa de juros definida por Trump pode gerar efeitos indiretos na América Latina, aponta o FMI
25/04/2025 às 23h22

O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Valdés, declarou, em reunião com o Banco Mundial em Washington (EUA), nesta sexta-feira (25/4), que as tarifas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem gerar impactos indiretos significativos na América Latina.
O economista ressaltou que, apesar das baixas tarifas aplicadas na América Latina, uma desaceleração mundial pode impactar esses países, incluindo o Brasil. “Embora as tarifas aplicadas na região sejam relativamente baixas, uma desaceleração do crescimento mundial poderá afetar a procura de produtos básicos e ter maiores efeitos indiretos para a América Latina através dos preços dos mesmos e da depreciação da taxa de câmbio”, afirmou Valdés.
O diretor do FMI aponta para uma heterogeneidade significativa por trás dessa desaceleração. Também continuamos a prever uma desaceleração relevante no Brasil, impulsionada por políticas mais restritivas apropriadas, destacou o economista.
O FMI anunciou, na terça-feira (22/4), um relatório que projeta uma desaceleração do crescimento na América Latina e no Caribe, de 2,4% em 2024 para 2% em 2025.
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Rodrigo Valdès também apontou o desaceleração do crescimento global, a alta incerteza, o efeito das tarifas e o fortalecimento das políticas nacionais como algumas das causas do crescimento moderado da região.
A atividade econômica tem sido amplamente impulsionada pelo consumo, em um cenário de mercados de trabalho resilientes. Contudo, o crescimento global mais lento, a elevada incerteza, o impacto de tarifas e políticas domésticas rígidas em alguns países, exercem pressão sobre o crescimento.
O diretor do FMI ressaltou que a política monetária se depara com um cenário de incerteza, mas elogiou a atenção do Banco Central do Brasil a essa situação. Ele alertou para o risco de aumento da inflação devido a esses fatores, embora preveja uma redução gradual da inflação ao longo do tempo. Contudo, alguns países podem não alcançar suas metas inflacionárias antes de 2026. Em relação ao Brasil, o diretor afirmou que o Banco Central está comprometido em adotar políticas adequadas para lidar com os desafios fiscais.
O Banco Central tem adotado uma postura mais firme na política monetária, o que é essencial. “Há diversas incertezas e é importante ter um Banco Central comprometido com isso”, afirmou Valdès.
Fonte: Metrópoles