A Anvisa autoriza o uso do Mounjaro no tratamento de excesso de peso e obesidade

O medicamento já havia sido aprovado em 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2; a resolução foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (9).

09/06/2025 6h37

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(Imagem de reprodução da internet).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do medicamento Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly, no tratamento de excesso de peso e obesidade. A decisão foi divulgada na edição do Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (9).

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Conforme a publicação, a norma já está em vigor e abrange diversas dosagens e aplicações da caneta.

O Mounjaro já era aprovado para o tratamento do diabetes tipo 2, e ensaios clínicos já haviam demonstrado sua eficácia para a perda de peso. Atualmente, a caneta está aprovada para o tratamento de sobrepeso em conjunto com pelo menos uma comorbidade e obesidade, associada à prática de atividade física e dieta hipocalórica.

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Esta recomendação visa o tratamento de adultos com índice de massa corporal igual ou superior a 30 (obesidade) ou igual ou superior a 27 (sobrepeso) que apresentem pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, como hipertensão, colesterol elevado ou pré-diabetes.

A autorização da Anvisa se fundamentou nos resultados do programa SURMOUNT, um conjunto de sete estudos clínicos de fase 3 que contaram com a participação de mais de 20 mil pacientes em nível global.

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O estudo demonstrou que indivíduos que utilizaram Mounjaro, em conjunto com a dieta e o exercício, obtiveram uma perda de peso mais significativa em comparação com o placebo. Na dose mais elevada do tratamento (15 mg), os participantes perderam, em média, 22,5%, ao passo que na dose mais baixa (5 mg), a perda média foi de 16% (em contraste com 0,3% no placebo).

Adicionalmente, aproximadamente 40% dos indivíduos que utilizaram Mounjaro apresentaram perda superior a 40% do peso corporal total, em contraste com 0,3% do grupo placebo. Os participantes do estudo que combinaram o uso de Mounjaro com dieta e exercício notaram alterações no colesterol e reduções na pressão arterial e na circunferência da cintura. Essas mudanças foram resultados secundários do uso do medicamento e não faziam parte da prescrição.

Infelizmente, apesar das evidências científicas contrárias, a obesidade é frequentemente vista como uma escolha de estilo de vida – algo que as pessoas deveriam gerenciar por si mesmas. Durante décadas, dieta e exercício foram as únicas opções de tratamento, mas nem todos os pacientes conseguem perder peso apenas com essa abordagem, avalia Luiz Magno, diretor sênior da Área Médica da Lilly do Brasil, em comunicado.

“Devido aos recentes estudos, agora compreendemos que o próprio organismo pode responder a uma dieta hipocalórica, elevando o apetite e diminuindo a sensação de saciedade, o metabolismo do paciente dificulta a perda de peso e favorece o reacomodamento”, explica Magno.

Para ele, a aprovação do Mounjaro para obesidade representa mais oportunidades de tratamento para quem enfrenta a condição e busca opções mais eficazes para o controle do peso.

O que é Mounjaro e qual o seu mecanismo de ação?

O Mounjaro é um medicamento injetável baseado em tirzepatida, uma molécula que age nos receptores de dois hormônios produzidos pelo intestino e liberados após as refeições: o GIP e o GLP-1. Isso implica que o medicamento possui a capacidade de estimular a ação tanto do GLP-1, quanto do GIP, elevando a produção de insulina pelo pâncreas para controlar os níveis de açúcar no sangue.

Já havia sido aprovado em 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2, e agora se torna uma opção para o controle crônico do peso. O medicamento é considerado o principal concorrente do Ozempic, também aprovado para diabetes tipo 2, e do Wegovy, aprovado para obesidade. Ambos são da farmacêutica Novo Nordisk.

Mounjaro, Ozempic e Wegovy: quais são as diferenças?

O Mounjaro age em receptores de dois hormônios, o Ozempic e o Wegovy, ambos compostos por semaglutida, porém em doses distintas. A semaglutida estimula a secreção de insulina pelo pâncreas, regula a glicose no sangue e também promove a redução do apetite.

Um estudo recente, divulgado em maio no The New England Journal of Medicine, indicou que o Mounjaro pode resultar em uma perda de peso mais significativa do que o Wegovy.

Os indivíduos submetidos ao tratamento com tirzepatida – a molécula que constitui o Mounjaro – apresentaram uma redução média de peso de 20,2% em relação a 13,7% com a semaglutida. Em média, os pacientes em uso de tirzepatida perderam 22,8 kg, enquanto os que estavam em uso de semaglutida perderam 15,0 kg. Os resultados foram obtidos após 72 semanas com base na estimativa do regime de tratamento.

A tirzepatida apresentou resultados superiores em todas as metas de redução de peso corporal, sendo que 64,6% dos participantes em uso da medicação atingiram pelo menos 15% de perda de peso, em comparação com 40,1% daqueles tratados com semaglutida.

Ozempic, Wegovy e Mounjaro: o que pode acontecer após a perda de peso.

Fonte por: CNN Brasil

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