A B3 estabelece prazo até terça-feira para a Mobly apresentar sua resposta à oferta de ações
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem condições, a oferta de aquisição da Mobly pela família Dubrule.

A B3 estabeleceu até terça-feira (6/5) o prazo para que o Grupo Toki (antiga Mobly) respondesse à oferta de compra de ações apresentada pela família Dubrule, fundadora da Tok&Stok.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A manifestação da companhia deverá ser feita por meio de seu Conselho de Administração.
A Mobly antiga recebeu o edital em 15 de abril. Segundo o regulamento do Novo Mercado, a empresa possui até 15 dias, a partir da publicação do documento, para se manifestar sobre o processo.
LEIA TAMBÉM:
● Grupo Pão de Açúcar registra prejuízo de R$ 169 milhões no primeiro trimestre
● Prejuízo da Embraer sobe 575% em um ano, atingindo R$ 428,5 milhões
● Aplicativo do Bradesco apresenta falhas, usuários relatam problemas de acesso
O prazo, em caráter excepcional, foi estendido em mais uma semana, com o encerramento previsto para o dia 30 de abril.
O Novo Mercado é um segmento de listagem da B3 que demanda que as empresas implementem práticas de governança corporativa, incluindo maior transparência e sistemas de fiscalização e controle.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Aprovada oferta
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, na semana passada, sem restrições, a oferta de aquisição da Mobly pela família Dubrule.
A operação foi apresentada através de uma oferta pública de aquisição (OPA), com a opção de adquirir até 100% do capital social da empresa. O valor pago por ação foi de R$ 0,68.
O parecer do Cade não aponta para impactos relevantes sob a perspectiva concorrencial, visto que as relações entre as empresas envolvidas já haviam sido previamente avaliadas.
A análise do Cade considerou que a transação não gerava novas relações horizontais ou verticais entre as partes. As possíveis sobreposições, segundo o órgão, haviam sido previamente avaliadas no processo de fusão entre Mobly e Tok&Stok, concluído em 2024.
De acordo com o Cade, a operação foi notificada de forma unilateral pelos compradores — o que é aceito pelo órgão, desde que os documentos apresentados permitam uma análise adequada. O conselho considerou as informações prestadas suficientes.
A Mobly cancelou o negócio.
Em abril, a Mobly intensificou sua disputa com a família Dubrule e protocolou junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido para o cancelamento da oferta de aquisição de 100% das ações da empresa.
A Mobly declarou, em comunicado ao mercado, que adotaria “as medidas cabíveis nas esferas administrativa, civil e criminal” contra os Dubrule.
A empresa alega existir “evidência de atuação coordenada e não divulgada ao mercado” por parte dos fundadores da Tok&Stok, na aquisição dos 44,3% de participação da companhia detidos pela Home24 “em condições diferentes das divulgadas pelos ofertantes no edital da OPA”.
A Mobly realizou uma investigação interna que apontou para indícios de uma suposta conluio entre a família Dubrule, representantes seniores do Grupo XXXLutz, controlador da Home24, e a Home24.
A Mobly declarou que, em reunião realizada nesta data (22 de abril), após apresentação das evidências coletadas até o momento e após consulta aos assessores legais e financeiros, o Conselho de Administração autorizou a administração da companhia a tomar as medidas cabíveis nas esferas administrativa, amigável e criminal para proteção dos interesses sociais, mediante notificação às autoridades competentes.
A Mobly, além de solicitar o cancelamento da OPA, busca da CVM a responsabilização dos envolvidos.
Compreenda a situação.
Os termos do acordo da família fundadora da Tok&Stok foram divulgados por uma carta enviada no final de fevereiro.
O documento foi assinado por Régis Edouard Alain Dubrule, Ghislaine Thérèse de Vaulx Dubrule e Paul Jean Marie Dubrule.
A família Dubrule buscava a totalidade do controle da empresa e 100% do capital. A Mobly recusou a oferta e considerou a proposta dos fundadores da Tok&Stok como “impossível”.
Em março, a família Dubrule reduziu o número mínimo de ações envolvidas na proposta de oferta de aquisição enviada à Mobly.
O número mínimo de ações envolvidas no negócio foi reduzido de 84 milhões para 61,38 milhões.
O material também mencionou “desafios significativos” considerados no cálculo do preço da oferta, de R$ 0,68 por ação, diante de uma dívida de mais de R$ 600 milhões e do fato da Mobly não gerar lucro desde 2021.
De acordo com a família fundadora da Tok&Stok, as ações da Mobly apresentam baixa liquidez, o que impede uma determinação precisa do seu valor de mercado com base no preço exibido.
Na última data de 15 de abril, os Dubrule retomaram a oferta de aquisição para 100% das ações, mantendo o valor de R$ 0,68 por ação.
O que a família Dubrule afirmou.
Em nota divulgada no final do mês passado, a família Dubrule negou veementemente todas as acusações, contestou qualquer irregularidade no processo e imputou aos administradores da Mobly a tentativa de “evadir-se” de suas “obrigações”.
A família Dubrule lamenta a campanha infundada, desesperada e sem quaisquer limites éticos promovida pela administração da Tokyâ, conforme o texto.
Os fundadores da Tok&Stok afirmam que os administradores buscam, mais uma vez, evitar suas obrigações fiduciárias junto à companhia, submetendo ao conjunto dos acionistas uma proposta em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis, que não oferece liquidez aos acionistas, sem perspectiva de venda de suas participações e sem motivos para esperança no futuro da empresa.
Fonte: Metrópoles