A busca americana por minerais raros no Brasil coloca em risco comunidades e o ecossistema, afirma geógrafo

Wagner Ribeiro recorda atos ilícitos da atividade mineradora e propõe modelo sustentável para a transição energética.

30/07/2025 21h17

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(Imagem de reprodução da internet).

O avanço dos Estados Unidos na exploração de terras raras, grupo de 17 minerais estratégicos para tecnologias de ponta e a transição energética, reacende o alerta sobre os riscos socioambientais da mineração no Brasil. O Brasil é o segundo país com maiores reservas desses minérios, atrás apenas da China, e pode entrar na mira da política internacional dos Estados Unidos, avalia o geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro.

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Os minerais terras raras não são escassos, eles ocorrem com frequência. O desafio reside em localizá-los e processá-los, conforme explica Ribeiro em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. São materiais muito importantes, de grande estratégica relevância, para a transformação que estamos experimentando atualmente, fundamentada na transição energética.

O professor ressalta que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e segmentos do governo norte-americano têm buscado assegurar acesso global a essas matérias-primas. O país tem negociado com a China sobre suas terras raras. “Embora eles possuam terras raras, não é na escala que Brasil e China têm e, por isso, querem se apropriar desse material”, afirma. “É uma estratégia que os Estados Unidos fazem há muito tempo”.

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A mineração no Brasil possui um histórico de violações ambientais.

O desafio, segundo Ribeiro, reside no fato de que a exploração desses recursos minerais ocorre por meio da mineração, atividade com histórico de crimes ambientais e violações de direitos no país. “Temos um legado, infelizmente, de situações criminosas envolvendo empresas importantes, que deixa um passivo ambiental muito além das áreas afetadas”, afirma, mencionando os desastres causados pela Vale, em Minas Gerais.

Preocupante é o impacto que esse modelo pode gerar na vida de quilombolas, povos originários e pequenos agricultores, que enfrentam restrições à sua existência. É necessário considerar os possíveis efeitos que isso causará na organização da vida de milhares de pessoas que habitam esses territórios.

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Ribeiro propõe uma transição energética que não dependa de recursos minerais limitados. “Com a biodiversidade, é possível produzir algo e reproduzir aquele material, tendo maior controle sobre o ciclo produtivo”, defende.

A mudança energética que está provocando impactos na comunidade não é a que eu considero. Precisamos pensar em um modelo de produção de energia que preserve os povos originários, as comunidades onde residem. Afinal, eles estão ali há séculos e conseguem manter a qualidade de vida planetária.

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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