A carta de senadores dos EUA contra as tarifas de Trump é “indicativa da impopularidade” da medida, afirma pesquisador

Deputados criticam a interferência do Judiciário americano e destacam que as ações de Trump têm impacto negativo na vida dos cidadãos dos Estados Unidos.

25/07/2025 21h26

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(Imagem de reprodução da internet).

Na última quinta-feira (24), um grupo de 11 senadores dos Estados Unidos encaminhou ao presidente Donald Trump uma carta, na qual apontavam “preocupações com o evidente abuso de poder” das ameaças feitas pelo governo americano ao Brasil. O grupo ressaltava a inconsistência do argumento comercial utilizado por Trump e demonstrava a falta de apoio à medida no país.

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Os parlamentares destacam os impactos da medida de Trump na economia dos Estados Unidos. “Interferir no sistema legal de outra nação soberana estabelece um precedente perigoso, incita uma guerra comercial desnecessária e expõe cidadãos e empresas americanos ao risco de retaliação”, afirmam. Eles ressaltam que o comércio com o Brasil mantém 130 mil empregos nos Estados Unidos e que as ações do governo “aumentariam os custos para as famílias e empresas americanas”.

Utilizar todo o poder da economia estadunidense para influenciar tais circunstâncias em favor de um aliado constitui um sério desrespeito ao poder e revela a vontade de seu governo em priorizar sua própria agenda em detrimento dos interesses da população americana, afirma o grupo ao presidente.

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Deputados lançam nova campanha em um movimento que acompanha últimas semanas. Organizações e parlamentares americanos se manifestaram contra a gestão Trump e destacaram os riscos das ações diplomáticas e comerciais do seu governo. Em 15 de julho, a US Chamber, maior entidade de representação empresarial dos Estados Unidos, defendeu uma negociação entre os países e apontou que a medida de Trump “afetaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos Estados Unidos, elevando os custos para as famílias e diminuindo a competitividade das principais indústrias americanas”.

Para Michael Galant, pesquisador do Centro para Pesquisa Econômica e Política (CEPR), a carta é “um claro indicativo da impopularidade das tarifas de Trump contra o Brasil”.

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O pesquisador aponta que o tom está focado em como as tarifas vão encarecer o custo de vida dos estadunidenses.

Apesar de pertencerem ao partido oposto a Trump, Galant aponta que não se trata de parlamentares de esquerda. “Todos os signatários da carta são do centro do Partido Democrata, eles não podem ser acusados de serem de esquerda. Eu acredito que os democratas veem isso como uma vantagem, poder dizer: ‘Trump quer tornar o café e o suco de laranja mais caros para você, isso é apenas uma tentativa de golpe’”.

Para Galant, a movimentação dos parlamentares contra a medida é facilitada por duas razões. Primeiramente, o reconhecimento da vitória de Lula por Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos, “fez com que o Partido Democrata entendesse claramente que Bolsonaro não é um ator democrático legítimo e, portanto, encarasse essas tarifas como uma tentativa injusta de interferência”. Os senadores que subscrevem a carta a Trump corroboram a visão, acusando o governo de “forçar o sistema judiciário independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro”.

Antecipadamente ao 8 de janeiro brasileiro, a sede do parlamento dos Estados Unidos também foi invadida por apoiadores de Donald Trump, então derrotado nas eleições, em uma tentativa de golpe de Estado – o que torna a investigação brasileira de fácil associação para membros do Capitólio.

A segunda razão reside na inconsistência das justificativas de Trump para as medidas. “É evidente que Trump está utilizando as tarifas como sanções. Ou seja, ele eliminou a distinção entre uma medida e outra e, de fato, acionou mecanismos legais dos EUA que são usados para impor sanções ou medidas de emergência”, explica o pesquisador. “No caso brasileiro, a justificativa que ele utiliza, referente ao saldo comercial, é totalmente falsa. Essas tarifas são claramente motivadas por um desejo de coagir o governo brasileiro a seguir uma linha determinada pelo governo Trump”.

A ausência de critérios – ou o uso de critérios falsos, como um déficit inexistente – é apontada por senadores americanos como motivo para que o país perca influência na América Latina. “Estamos preocupados que suas ações para minar um sistema judiciário independente apenas aumentem o ceticismo em relação à influência americana em toda a região”, declararam.

Fonte por: Brasil de Fato

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