A Coaf observou incremento de 766% nos comunicados de operações suspeitas
Investigação considera informações coletadas de 2015 a 2024 e indica a importância de reforçar o Coaf no combate ao crime organizado.

O volume de operações suspeitas comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras cresceu 766,6% em nove anos. Em 2015, contabilizaram-se 296.183 alertas. Em 2024, o número já excedia 2.566.713.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os dados do estudo “Lavagem de dinheiro e enfrentamento ao crime organizado no Brasil: reflexões sobre o Coaf em perspectiva comparada”, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto Esfera.
O relatório, que apresenta uma análise da UIF (Unidade de Inteligência Financeira) brasileira, foi publicado nesta quarta-feira (25), em Brasília. Acesse aqui e leia o estudo completo.
LEIA TAMBÉM:
● “Brasileiros vão pagar pelo roubo duas vezes”, afirma líder do PL
● Líder do PL anuncia intenção de votar a Aniseta antes da interrupção parlamentar
● Ministra Toffoli homologa proposta da União para ressarcir beneficiários do INSS
É necessário incorporar, com urgência, à agenda pública o reforço da articulação entre os órgãos de inteligência financeira e de segurança pública.
As Comunicações de Operações em Espécie apresentaram um crescimento exponencial, atingindo 353,6%. Houve um aumento de 1.085.986 em 2015 para 4.926.013 em 2024. A mesma tendência é observada no número de RIFs (Relatórios de Inteligência Financeira): subiu de 4.304 em 2015 para 18.762 em 2024.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os RIFs são documentos emitidos pelo Coaf que agregam informações de análises financeiras e auxiliam na identificação de possíveis práticas ilegais, incluindo a lavagem de dinheiro.
Apesar do aumento expressivo nas atividades, o estudo aponta que o número de servidores que atuam na instituição permanece acima das necessidades operacionais e analíticas exigidas pelo contexto brasileiro.
O relatório aponta que o país enfrenta desafios de grande complexidade, notadamente no aumento do poder econômico de organizações criminosas ligadas ao narcotráfico, cujos métodos de lavagem de dinheiro se tornam cada vez mais sofisticados, utilizando intensamente novas tecnologias para a movimentação de capitais, como criptoativos, fintechs e plataformas de apostas online.
O relatório também indica que as organizações criminosas, em particular o PCC, têm expandido e aprimorado seus métodos de lavagem de dinheiro, utilizando a digitalização financeira e falhas regulamentares.
O levantamento aponta três caminhos que se destacaram nesse processo: as fintechs, as plataformas de apostas online (BETs) e os criptoativos. Em relação às fintechs, a demora do Estado brasileiro em estabelecer uma regulação para o setor, que ocorreu somente em 2021, possibilitou que diversas instituições financeiras operassem sem autorização do Banco Central.
A situação se agravou, sendo que a regulamentação foi estabelecida de maneira gradual, com um prazo de oito anos para adequação. Assim, as instituições de pagamento e fintechs deverão obter autorização junto ao Banco Central até março de 2029.
Essa demora se acrescenta ao fato de que o credenciamento é de responsabilidade da própria Fintech, o que, diante da limitada capacidade de supervisão do Banco Central, possibilita que muitos desses serviços operem “fora do radar”.
Fonte por: CNN Brasil