A crise do INSS “consumiu” a retomada da imagem do governo Lula, segundo Lavareda
Uma pesquisa do Ipespe revelou que 54% dos brasileiros não aprovam o desempenho do petista, enquanto 40% o avaliam positivamente.

O cientista político e coordenador do Ipespe, Antonio Lavareda, considerou que a crise da fraude bilionária nos benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS, “consumiu” parte da recuperação na imagem do governo Lula (PT).
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Uma pesquisa do instituto revela que 54% dos brasileiros desaprovam o desempenho do petista, enquanto 40% o aprovam. Os valores são semelhantes aos obtidos na última pesquisa do Ipespe, realizada em março, com mínimas variações dentro da margem de erro (que é de 2 pontos percentuais).
A crise no INSS restabeleceu, em grande medida, a desconfiança em relação ao governo, segundo Lavareda em entrevista à CartaCapital. Isso, cancelou a recuperação de imagem do governo federal. Como se esperava, isso desgastou a imagem do governo e comprometeu aquele processo de recuperação que se via observado em abril.
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Os descontos incorretos nos contracheques de aposentados e pensionistas teriam iniciado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e se intensificaram nos primeiros anos do governo petista, conforme investigações da Polícia Federal. Após a divulgação do esquema, o governo determinou a suspensão das deduções e avalia medidas para compensar os beneficiários prejudicados.
As denúncias sobre o INSS foram mencionadas por 30% dos entrevistados pelo Ipespe, ao serem questionados sobre as notícias sobre o governo consumidas nas últimas semanas. O Palácio da Alvorada ainda avalia maneiras de conter possíveis impactos negativos na sua imagem, decorrentes da crise, um aspecto que não foi registrado pela pesquisa.
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A diminuição da popularidade de Lula tem sido observada em pesquisas divulgadas a partir do final do ano passado. Primeiramente, membros do governo e o próprio presidente atribuíram as variações a problemas na comunicação institucional, o que resultou na saída do deputado federal Paulo Pimenta (PT) da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência.
O petista foi substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira, que ajustou a linguagem das redes sociais de Lula e investe na comparação com Bolsonaro para convencer o eleitorado de que o País está em um processo de recuperação. Essa estratégia se manifestou, por exemplo, no evento “O Brasil Dando a Volta Por Cima”, ocorrido em março.
Detectam-se alterações em núcleos estratégicos no radar do Planalto, incluindo a Secretaria-Geral da Presidência. A pasta, atualmente liderada por Mário Macedo, é responsável pelo diácom os movimentos sociais, embora a gestão do petista tenha sido alvo de críticas. A recente mudança na Esplanada ocorreu no Ministério das Mulheres, onde o desempenho da ex-ministra Cida Gonçalves foi considerado insatisfatório.
Quanto ao coordenador do Ipespe, contudo, o fator primordial para a avaliação negativa reside na condução da economia. Ele destaca que o governo tem buscado responder à queda na popularidade com a isenção na conta de luz para 60 milhões de brasileiros e do imposto de renda aos contribuintes que recebem até 5 mil reais por mês, mas ressalta que as medidas não são suficientes.
A maioria da população continua acreditando que a economia do país segue no rumo errado. Isso está associado a várias coisas, mas duas são importantes: a inflação de alimentos que cedeu um pouco, mas não foi interrompida e persiste, e a taxa de juros em níveis elevados [a Selic hoje está em 14,75% ao ano], que atingem uma população em sua maior parte endividada.
A performance do presidente nas pesquisas tem gerado preocupação entre seus assessores, principalmente devido à proximidade das eleições de 2026. A expectativa de pessoas próximas ao presidente é de uma melhora na reta final do mandato.
Se o governo conseguir elevar sua taxa de aprovação para um patamar entre 45 e 50%, [Lula] será competitivo na eleição presidencial, avalia Lavareda. Nos patamares baixos de hoje, se eles viessem a ser mantidos, obviamente o governo enfrentaria uma eleição duríssima, para dizer o mínimo.
Fonte: Carta Capital