A derrota da direita extrema em eleições na Polônia e Romênia proporciona um alívio à União Europeia
A vitória de candidatos centristas também é positiva para a Ucrânia, que observa o reforço da percepção de que o continente deve continuar apoiando seu país no conflito com a Rússia.

O avanço da extrema-direita na Europa foi testado neste domingo, 18, nas eleições da Polônia e Romênia, os dois países mais populosos do Leste Europeu.
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Na Romênia, a apuração revelou uma surpresa: vitória do prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, que disputou a presidência como independente, com o apoio de uma vasta coalizão centrista. Na Polônia, o candidato pró-Europa, Rafal Trzaskowski, prefeito de Varsóvia, obteve o maior número de votos e enfrentará o segundo turno em 1º de junho.
Os resultados dessas duas eleições têm impacto direto sobre o futuro da democracia na Europa. A derrota da extrema-direita na Romênia, por exemplo, fortalece a coesão da União Europeia e mantém o apoio romeno à Ucrânia. Na Polônia, por sua vez, a abordagem pró-UE em voga com a gestão do primeiro-ministro Donald Tusk deve ser fortalecida se o centrista Trzaskowski confirmar o favoritismo visto no primeiro turno.
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Eleição mais importante da história
A vitória do centroista Nicusor Dan na Romênia foi confirmada com aproximadamente 54% dos votos. Ele derrotou o nacionalista George Simion, que alcançou 46% dos votos computados.
A eleição mais significativa da história pós-comunista do país, a vitória de Dan, foi atribuída à alta participação popular, incluindo votos da diáspora romena, estimada em seis milhões de pessoas. A taxa de comparecimento no segundo turno atingiu quase 65%, dez pontos percentuais superior ao primeiro turno.
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Matemático com formação na Sorbonne, Dan fundou o partido União Salve a Romênia (USR) em 2016, mas deixou a liderança posteriormente. Defende a continuidade da assistência à Ucrânia e o aprofundamento das relações com Bruxelas, sendo caracterizado como metódico e calmo, com trajetória marcada pelo combate à corrupção e à especulação imobiliária. Apresentou-se como alternativa a um candidato de extrema-direita que, em sua visão, poderia desestabilizar o país.
Nos últimos dias da campanha, Dan declarou que a eleição significava uma opção entre “uma Romênia democrática, estável e respeitada na Europa” e “um perigoso caminho de isolamento, populismo e desrespeito ao Estado de Direito”.
Após a divulgação do resultado, George Simion — admirador de Donald Trump e nostálgico do ditador Nicolae Ceausescu — alegou fraude eleitoral e afirmou que seus apoiadores estão prontos para protestar. Ele reivindica a vitória no pleito.
Anúncio de nova fase em junho.
Com o retorno de Donald Tusk à liderança, em 2023, a Polônia tem buscado fortalecer seu relacionamento com a União Europeia, visando restabelecer a ordem constitucional e jurídica do país, após o período de governo do partido Lei e Justiça (PiS), caracterizado por desafios democráticos.
O candidato da Coligação Cívica (PO) e prefeito de Varsóvia, Rafael Trzaskowski, de 53 anos, obteve a vitória no primeiro turno das eleições presidenciais, com mais de 30% dos votos. Na campanha, apresentou propostas para flexibilizar as leis sobre o aborto, assegurar a proteção dos direitos LGBTQIA+, aumentar os investimentos em defesa e enfrentar a inflação.
A eleição é vista como um teste decisivo para o governo pró-UE, diante do crescimento do populismo no país. Trzaskowski confrontará, no segundo turno em 1º de junho, o historiador nacionalista Karol Nawrocki, com apoio do PiS e considerado o candidato preferido por Donald Trump.
Com o lema “Polônia primeiro, poloneses primeiro”, Nawrocki tenta atrair o voto dos eleitores contrários à presença de mais de um milhão de refugiados ucranianos no país.
Nas vésperas da votação, Tusk acusou “hackers russos” de ataques cibernéticos contra sites de partidos da coalizão governista. Com a guerra na Ucrânia, a Polônia reforçou sua posição estratégica no flanco oriental da Otan e se tornou uma das principais vozes da região contra a agressão russa.
Fonte: Carta Capital