A detenção de Zambelli e a crise interna no bolsonarismo intensificam a disputa entre o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, segundo análise de especialista

Carla Zambelli foi detida na Itália; Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira competem por espaço no bolsonarismo.

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(Imagem de reprodução da internet).

A cientista política Priscila Lapa argumenta que o processo de prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP), mediante solicitação da Justiça brasileira, intensifica discussões fundamentais da política nacional, incluindo o desempenho das instituições e a crise de credibilidade na Câmara dos Deputados. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ela destaca a relevância da colaboração internacional e questiona o precedente de impunidade de figuras políticas no país.

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Compreendemos a complexidade das prisões realizadas fora das fronteiras nacionais, devido à necessidade de cooperação entre os países, para assegurar o cumprimento do devido processo legal brasileiro, sem violar princípios da legislação do país envolvido.

Zambelli foi sentenciada a mais de dez anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e deverá retornar ao Brasil para cumprir a pena.

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Para Lapa, a situação também pressiona a Câmara, que até então não decidiu sobre a cassação do mandato da parlamentar. “Cria-se um debate sobre a legitimidade, se é compatível alguém que tem uma condenação na Justiça manter o seu cargo parlamentar”.

A análise é comparada com o caso do ex-deputado Daniel Silveira, detido por incitar atos antidemocráticos, e questiona a demora na avaliação das punições aplicadas a apoiadores de Bolsonaro, em oposição à rapidez do processo de destituição de Glauber Braga (Psol-RJ) na Comissão de Ética.

A cientista política também acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) se encontra em uma “encruzilhada”. Ela aponta que decisões como a devolução do passaporte de Zambelli em 2023 são consideradas erros estratégicos, por possibilitarem fugas.

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É preciso calcular com precisão essa quantidade, pois, inclusive, na história recente observamos a anulação total do processo devido a falhas processuais.

Segundo Lapa, o Judiciário precisa responder de acordo com a importância para preservar a confiança da sociedade. “O 8 de janeiro foi muito emblemático nesse sentido. Olhando retrospectivamente, vemos que havia pessoas financiando e estruturando aquela ação política. Até que ponto as autoridades brasileiras não “cochilaram”?”, questiona, indicando uma possível negligência das instituições.

A especialista também mencionou o desentendimento entre o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que evidenciam rachaduras no bolsonarismo.

Não há espaço para o radicalismo em muitas lideranças que se colocam como a principal. Existe um processo de desgaste desse material político, e aí muita gente começa a fazer esse processo de descolamento, mas que é natural.

A tensão entre Eduardo e Nikolas aumentou após o filho de Jair Bolsonaro (PL-SP) exigir maior participação de Eduardo na defesa do bolsonarismo diante da crise causada pelas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.

Eduardo ficou irritado com a referência de Nikolas a uma influenciadora crítica a Bolsonaro e, nas redes sociais, escreveu: “É triste ver a que ponto chegou o Nikolas”.

Ao avaliar a atuação de Eduardo Bolsonaro em relação à articulação com Trump para a imposição de tarifas, Lapa considera que o deputado poderá enfrentar desafios jurídicos e eleitorais. “Ele versa uma situação que poderá apresentar elementos para que seja considerado envolvido em um movimento que resulte em condenação. Ele tem um caminho político muito difícil”, avalia.

Ainda assim, ela acredita que o núcleo bolsonarista mais radical poderá continuar com seu apoio. “Essa narrativa [de vitimismo, heroísmo] pode permanecer ainda muito forte e intensificar esse núcleo radical, porém para um nicho muito específico do eleitorado”.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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