A esquerda de verde e amarelo
Não é uma exigência retórica ou eleitoral da esquerda, mas sim uma busca por elevar a qualidade de vida da população.

Sob forte pressão por tarifas – que, na realidade, são sanções com motivação política – o Brasil parece ter se tornado o epicentro do mundo. Pelo menos, na última semana.
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No meio dos países impactados pela política tarifária de Donald Trump, o Brasil manteve-se resiliente, resistindo às pressões e buscando a fórmula de “diálogo e soberania” para solucionar a crise.
O equilíbrio político, até o momento, foi favorável: o tarifamento foi reduzido por Trump, que removeu uma série de itens da lista; o índice de aprovação do governo, pela primeira vez, superou o de desaprovação; a extrema direita, afogada em suas disputas, saiu “enfraquecida” e “humilhada”.
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O presidente Lula, seguindo o estilo de seus anos de Vila Euclides, voltou a apresentar, quase diuturnamente, discursos anti-imperialistas e assegura que o Brasil permanece como um exemplo de prudência em um cenário marcado por crescente hostilidade. O presidente declarou que nenhum estrangeiro dará instruções ou intervir em nossos recursos.
Lula confrontou Trump, ao revelar que buscou o diálogo em várias ocasiões sem obter resposta. A publicação The Economist já descreve a situação como um “tiro no pé” da Casa Branca.
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O público demonstrou sua compreensão de seu papel, manifestando-se nas ruas na sexta-feira (1º), em passeios por todo o país em defesa da soberania nacional e em oposição à intervenção estrangeira. Os alvos apontados indicam uma grande questão: os consulados e a embaixada dos Estados Unidos em Brasília são o foco dos protestos.
O governo e a esquerda deixaram de seguir a estratégia que anteriormente gerava resultados ao abordar a discussão sobre a tributação dos super-ricos e que agora foca no imperialismo como antagonista.
Parece que a bandeira nacional resurgiu, como em outras ocasiões históricas, sob a influência da esquerda e a questão da soberania se tornará um tema central nas campanhas eleitorais de 2026.
Apesar do otimismo, é necessário estar atento para progredir, utilizando a memória como guia e o futuro como um horizonte aberto.
Um governo que preza pela soberania deveria implementar a reforma agrária, demandada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra durante a semana camponesa, marcada por ocupações e manifestações em território nacional.
Um governo que preza pela soberania nacional deve analisar o modelo de concessões da Petrobras, que beneficia empresas estrangeiras e diminui o poder de decisão do Brasil em relação aos seus recursos.
O mesmo governo que prega a soberania deveria refederalizar a Eletrobras e demais empresas estatais estratégicas que foram privatizadas nos últimos 30 anos.
O governo que preza pela soberania poderia analisar a política do arcabouço fiscal, que visa sustentar a ideia de “déficit zero”, para utilizar as oportunidades geradas pela taxação e converter o Estado em agente impulsionador de um ciclo positivo na economia, com investimento interno, proteção de empregos e crescimento industrial.
Vestir-se de verde e amarelo não é apenas uma demanda retórica ou eleitoral para a esquerda, é uma necessidade histórica para elevar a qualidade de vida do povo e, por fim, superar o subdesenvolvimento.
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Lucas Estanislau é coordenador de jornalismo do Brasil de Fato.
Fonte por: Brasil de Fato