A esquerda comunica mal porque perdeu o horizonte. A avaliação é da socióloga Maria Carlotto, professora da UFABC (Universidade Federal do ABC), que participou nesta 3ª feira (13.mai.2025) da mesa “Comunicação como problema de esquerda”, parte de uma série de seminários realizada pela FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo).
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A mesa teve a participação dos também sociós Jane Barros, professora da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e Ricardo Musse, da própria USP. A série de seminários, intitulada “O futuro da esquerda brasileira”, começou na segunda-feira (12.mai) e vai até a quinta-feira (15.mai) na Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo.
Os debatedores, conduzidos por Camila Góes, do Departamento de Ciência Política da USP, sustentaram que a questão da comunicação da esquerda não é técnica, mas política. Destacaram a ausência de um projeto bem definido e as dificuldades em estabelecer diácom grupos populares.
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Maria Carlotto criticou a abordagem técnica frequente nos debates sobre comunicação. Ela argumentou que “não é um problema de vídeo, de algoritmo, é um problema de projeto”. A professora afirmou que a esquerda perdeu a capacidade de propor transformações sociais e mobilizar com um horizonte claro.
Jane Barros ressaltou que a direita emprega as redes sociais não apenas como ferramenta técnica, mas como instrumento de organização de base. “Eles organizam núcleos, exércitos, grupos… e não precisam comprovar o que dizem: caiu na rede, virou verdade”, afirmou. “A direita comunica bem porque tem tempo, dinheiro e controle das redes. A esquerda precisa recuperar suas categorias teóricas e usá-las para pensar a comunicação”, afirmou.
Ricardo Musse apresentou um panorama histórico da imprensa de esquerda no Brasil, mencionando que, no período da abertura política, publicações como Em Tempo e Versus influenciaram o debate público. Atualmente, segundo ele, a esquerda alcança um público de milhares, enquanto a direita atinge milhões.
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Havia programadas para a terça-feira (13.mai) mais duas mesas de debate: “Movimentos sociais e populares: entre o Estado e a rua” e “A esquerda diante do PT: passado, presente e futuro”.
Fonte: Poder 360