A liberdade constitui base da dignidade e modo de vida
Ao identificar essa configuração — a razão que decide e a consciência que experimenta —, o indivíduo é levado, através de sua própria lógica, a percebê-…

A liberdade, em sua essência fundamental, não é uma concessão social ou uma construção jurídica, mas uma exigência que emana da própria estrutura da consciência. Ser livre não é um privilégio concedido por normas humanas, mas uma consequência necessária da presença de certas faculdades: a racionalidade consciente, a autoridade subjetiva sobre si mesmo e a consequente consciência moral. Sempre que essas capacidades se manifestam — seja em humanos ou em quaisquer outros seres conscientes — impõe-se a obrigação moral de reconhecê-las como senhores de si, como agentes legítimos de suas escolhas.
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A racionalidade, aqui, não se limita à capacidade de raciocinar logicamente ou calcular resultados (algo que máquinas também fazem). Ela é, sobretudo, a habilidade de refletir sobre os próprios objetivos, de avaliar as razões à luz de princípios e de deliberar sobre o que se deve fazer. É essa capacidade que permite ao sujeito não apenas reagir ao mundo, mas posicionar-se diante dele, suspender impulsos, escolher com base em razões que reconhece como válidas. A razão prática não impõe um conteúdo específico à ação, mas instaura um espaço interno de liberdade — uma arena onde o agir pode ser guiado por critérios próprios. Ser livre, portanto, é ser capaz de dar a si mesmo as razões do próprio agir.
O reconhecimento da liberdade não se dá apenas por via racional e abstrata. Ele é vivido e sentido, enraizado numa experiência íntima e irredutível: a de que cada sujeito possui um saber de si que ninguém mais pode acessar. A capacidade de se mover, sentir as próprias sensações e comandar o corpo é a manifestação inicial e inquestionável desse saber. Essa intimidade epistêmica com a própria existência revela uma autoridade subjetiva incontornável — um tipo de soberania encarnada que não precisa ser conquistada, apenas constatada.
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Ao identificar essa estrutura – a razão que decide e a consciência que experimenta –, o indivíduo é levado, por meio de sua própria racionalidade, a reconhecê-la nos outros. Se os demais compartilham essa mesma constituição, então não há como negar-lhes aquilo que reivindica para si: a liberdade. Negar isso aos outros, enquanto a exige para si, é incorrer em uma contradição prática – é agir como se sua liberdade fosse fundada em uma estrutura especial que, ao mesmo tempo, reconhece compartilhar com os demais. Assim, a razão não apenas revela a dignidade do sujeito, mas exige coerência no reconhecimento mútuo dessa dignidade.
A liberdade, além de uma necessidade da razão prática, é um valor que atribui sentido à existência. Mais do que condição da dignidade, é a dignidade em ação. Valorizar a liberdade é ansear que cada consciência se realize plenamente, encontrando no outro não um obstáculo, mas uma presença que expande e confirma seu próprio poder. É nessa realização mútua que a liberdade revela sua essência mais profunda: não apenas como direito, mas como o próprio sentido vivido da existência.
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Luiz Ferreira é empresário, profissional de marketing e associado Livres.
Fonte por: Jovem Pan