A nostalgia pode reduzir os sintomas da depressão, revela pesquisa

Estudo, que incluiu um autor brasileiro, evidenciou o potencial do sentimento como instrumento terapêutico.

11/06/2025 19h07

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(Imagem de reprodução da internet).

Uma pesquisa revelou que a nostalgia pode auxiliar na diminuição dos sinais de depressão e apresenta-se como uma ferramenta promissora para o tratamento da enfermidade. O estudo foi conduzido por cientistas ligados à Universidade King’s College London e ao IDOR Ciência Pioneira, com a participação de um pesquisador brasileiro, e foi publicado recentemente na revista Frontiers in Psychology.

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Na discussão com a equipe acerca do potencial adaptativo da saudade, os pesquisadores propuseram a hipótese de que ela poderia ser um recurso emocional útil na psicoterapia, particularmente para indivíduos com elevados níveis de autocrítica, que apresentam maior vulnerabilidade à depressão.

Para validar essa hipótese, o estudo envolveu 39 indivíduos com vivências marcadas por intensos sentimentos de autocrítica, um elemento associado à vulnerabilidade do transtorno depressivo. Foram solicitadas a produzir um filme de 10 minutos, utilizando imagens, vídeos e músicas que evocassem sentimentos de autocrítica, melancolia e, posteriormente, nostalgia.

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O grupo recebeu a orientação de assistir ao vídeo diariamente durante uma semana. O propósito era estimular as pessoas a refletirem ativamente sobre essas emoções e a enfrentá-las relacionando-as à nostalgia. A abordagem se baseou em pesquisas prévias sobre emoções e memórias autobiográficas, visando provocar e explorar esses sentimentos.

Após uma semana, os sintomas depressivos dos pacientes foram diminuídos, com alto engajamento dos participantes – apenas três desistiram do processo. Os resultados confirmaram a hipótese levantada pela equipe de pesquisadores de que a indução de uma “transformação” dos sentimentos em saudade pode ser benéfica.

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A saudade é um sentimento bastante presente na cultura brasileira, porém pouco estudado pela ciência, afirma Jorge Moll Neto, neurocientista e idealizador do IDOR Ciência Pioneira, e um dos autores do estudo, da CNN.

Apesar de ser frequentemente considerada um sentimento melancólico, a saudade também se apresenta como um sentimento mais adaptável. Alguns estudos sobre nostalgia em contextos internacionais demonstram que ela pode aumentar o senso de pertencimento e propósito. Nossa hipótese era de que ela pode ser benéfica quando observada por meio desse viés de amor e conexão com algo do passado, explica o especialista.

O estudo foi uma das primeiras a propor e testar diretamente a utilização da saudade como ferramenta terapêutica, segundo Neto. “Apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos, muitos pacientes com depressão ainda não têm bons resultados nos tratamentos existentes, e novas abordagens são necessárias”, afirma.

Contudo, o estudo apresenta algumas restrições. Uma delas é a participação significativamente maior de mulheres em comparação com os homens, o que dificultou análises robustas entre os gêneros. Dessa forma, é essencial que novas pesquisas recrutem de maneira mais equilibrada os participantes em termos de gênero e diversidade étnico-cultural.

Adicionalmente, tratou-se de um estudo piloto, com o propósito de avaliar a viabilidade, a segurança e o envolvimento com a intervenção. Não se pode determinar causalidade neste momento, porém os resultados sugerem a continuidade com ensaios clínicos mais abrangentes.

“O próximo passo é desenvolver ensaios clínicos randomizados, com grupos de controle e amostras clínicas, pacientes com diagnóstico formal de depressão”, afirma Neto.

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Fonte por: CNN Brasil

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