A ópera “Marielle” é apresentada no Distrito Federal e aborda a vida, a luta e o legado da vereadora
Exibição gratuita celebra a parlamentar e começa neste fim de semana no Teatro Sesc Newton Rossi em Ceilândia.
A vida, a luta e a resistência de Marielle Franco (1979–2018) são retratadas em forma de ópera. A montagem MARIELLE, com a assinatura do compositor Jorge Antunes, tem sua estreia no dia 25 e continua até 27 de julho no Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia (DF), com entrada gratuita. Composta por quatro atos e uma abertura orquestral, a obra musical revisita momentos cruciais da atuação da vereadora e transforma sua história em um manifesto contra as diversas opressões enfrentadas nas periferias do Brasil.
Marielle Franco se destacou como uma das personalidades políticas mais relevantes do Brasil contemporâneo. Nascida e residente no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, era uma mulher negra, socióloga, mãe adolescente, lésbica e defensora dos direitos humanos. Eleita vereadora pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) em 2016 com mais de 46 mil votos, desenvolveu sua atuação em denunciar atos de violência policial, defender os moradores de favelas e promover a igualdade racial e de gênero. Sua postura determinada e corajosa se tornou referência para movimentos sociais no Brasil e no exterior. Em 14 de março de 2018, foi vítima de um assassinato brutal, em um crime político ainda sem solução completa, que gerou repercussão internacional.
A mais recente obra de Jorge Antunes apresenta mais do que uma simples homenagem musical; é uma reconstrução dramatizada da trajetória de Marielle Franco, cujo assassinato, ocorrido em 2018, impactou o país e gerou mobilização de movimentos sociais no Brasil e no exterior.
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A composição incorpora um ciclo de óperas políticas do compositor, intitulado Hertory, dedicado a mulheres cujas trajetórias foram negligenciadas ou omitidas na história oficial. O libreto foi assinado pelo próprio Antunes, sendo o resultado de pesquisas em discursos, entrevistas e aparições públicas da parlamentar.
A ópera explora os aspectos centrais da atuação de Marielle: denúncia da violência policial, combate ao racismo estrutural, enfrentamento à homofobia e promoção de direitos para favelas e comunidades marginalizadas. Um dos momentos cruciais ocorre quando a protagonista, já no exercício do mandato, declara em público: “Não concedo brechas a milicianos!”, frase que se tornou símbolo de sua postura inflexível em relação às estruturas de poder.
Música.
Musicalmente, Marielle integra diversas linguagens. A composição une canto lírico a elementos do funk carioca, música eletroacústica e projeções visuais. Um coro de 12 vozes e 19 músicos da orquestra ARS Hodierna compartilham o palco com apresentações de mímica e intervenções visuais que intensificam o impacto sensorial da montagem. No elenco principal estão Aida Kellen (Marielle, soprano) e Clara Figueiroa (Mônica, contralto).
No Ato I, o público é levado à favela onde Marielle cresceu, entre salas de aula comunitárias e tiroteios, uma realidade marcada por exclusão e resistência. O segundo ato acompanha sua vida conjugal com Mônica e os bastidores da campanha eleitoral, enquanto o terceiro se concentra nos embates parlamentares. No Ato IV, o assassinato da vereadora é encenado de maneira simbólica, seguido por um sarau na Casa das Pretas, onde personagens reafirmam o legado da protagonista. A obra se encerra com a frase coral: “Não conseguirão matar a primavera”.
A Ópera se alinha ao perfil de Jorge Antunes, que combina vanguarda e engajamento político. Pioneiro da música eletroacústica na América Latina, Antunes é reconhecido por obras que refletem os acontecimentos sociais do país, como a Sinfonia das Diretas (1984) e o Hino Nacional Alternativo. Professor aposentado da Universidade de Brasília e fundador da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, Antunes visualiza na Ópera um meio de transformação e memória.
Ele afirmou que as narrativas de mulheres e de grupos minoritários devem ser apresentadas em apresentações teatrais para que não se percam.
A seleção de Ceilândia, maior região administrativa do DF e território historicamente periférico, fortalece a identidade social da ópera. Da mesma forma que Marielle nasceu no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, a região simboliza a resistência de comunidades urbanas marginalizadas. A cenografia evoca barracos, praças e assembleias populares, expandindo o diálogo entre a obra e a realidade local.
Serviço
A ópera “Marielle”
Teatro Sesc Newton Rossi (QNN 27 Área Especial Lote B, Ceilândia Norte – DF)
25 e 26 de julho (sexta e sábado) às 19h | 27 de julho (domingo) às 16h e 19h
Acesso gratuito | Classificação livre
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Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Redação ZéNewsAi
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