A Polícia Federal alega que Jair e Carlos Bolsonaro selecionaram alvos da “Abin paralela”
Jair e Carlos Bolsonaro selecionaram os alvos da “Abin paralela”, afirma o PF.

O relatório final da PF (Polícia Federal) sobre a estrutura clandestina da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), desempenharam um papel central na definição dos alvos de ações ilegais da agência.
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O ministro Alexandre de Moraes, do STF, levantou o sigilo da investigação sobre a “Abin paralela”. Conheça os nomes dos investigados no caso.
De acordo com o documento da Polícia Federal, Jair e Carlos Bolsonaro estabeleciam as diretrizes e se beneficiavam politicamente das operações. A seguir, um resumo do que consta no relatório da corporação sobre os dois.
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O número 1.
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro, identificado como “01” em várias comunicações internas, atuava em conjunto com Carlos no “núcleo político” de uma organização criminosa.
Os documentos da investigação indicam que o ex-presidente recebeu relatórios e instruções operacionais produzidos pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), anteriormente diretor da Abin.
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Um dos documentos, denominado “Bom dia Presidente.docx”, aborda operações como “Armadeira 1” e “Armadeira 2”, e contém anotações sobre “blindagem” na Receita Federal para proteger aliados e familiares.
O documento se opunha às versões apresentadas por Ramagem em sede sindical e indicava a coleta de informações de funcionários.
Outros documentos apontam a participação ativa de Bolsonaro em estratégias de descredibilização do sistema eleitoral.
O documento, intitulado “Presidente TSE.docx”, encontrado com Ramagem, conforme a PF, demonstra que o ex-diretor da agência estava orientando Bolsonaro a reforçar a narrativa de fraudes e vulnerabilidades das urnas eletrônicas.
O número 2.
Carlos Bolsonaro é identificado como “02” nos documentos.
Ele era responsável por coordenar ações de desinformação em redes sociais e utilizar informações sigilosas provenientes da estrutura clandestina. Ele interferia em investigações que envolviam seu núcleo familiar.
O edil continuaria exercendo o papel de idealizador e sustentador da estrutura de desinformação denominada “gabinete do ódio”. É também apontado como criador de uma “inteligência paralela” composta por policiais federais de sua confiança.
Ademais, o relatório aponta que Carlos era sócio da empresa MELLO Comunicação e Marketing Ltda, que foi utilizada para divulgar campanhas com menções diretas ao “gabinete do ódio” e ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Proteção do núcleo familiar
A proteção dos filhos de Bolsonaro também era tema de reuniões. A Abin monitorou o uso de veículos pelo atual vereador de Balneário Camboriú (SC) Jair Renan Bolsonaro, filho 04, e obteve informações sobre seu sócio, Allan Lucena.
Bolsonaro participou de reunião com advogadas e membros do governo para tentar impedir a operação Furna do Onça, instaurada em 2018.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Fabrício Queiroz foram investigados em relação a um esquema de repasse de salários.
Indicação
Apesar da investigação, Bolsonaro não foi formalmente indiciado no inquérito. A Polícia Federal justificou a decisão afirmando que ele já é alvo de ação penal em curso (Pedido 12.100/DF), que trata de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito.
O comportamento do ex-presidente, contudo, foi registrado e poderá ser levado em consideração para futuras responsabilizações.
Carlos Bolsonaro foi indiciado por integrar organização criminosa, com agravante de participação de funcionário público. A Polícia Federal afirma que ele agiu de forma dolosa e consciente.
Fonte por: Poder 360