A Polícia Federal apreendeu quatro policiais de São Paulo sob suspeita de receber propinas de artistas do funk
Policiais de Santo André, na região do ABC Paulista, estão sob suspeita de receber subornos de funkeiros envolvidos em rifas ilegais realizadas nas redes sociais.

Em operação deflagrada nesta sexta-feira (25/4), a Polícia Federal (PF) prendeu quatro policiais civis suspeitos de receber propina de influenciadores do funk que promovem rifas ilegais nas redes sociais. A operação “Latus Actio III”, com apoio do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Corregedoria da Polícia Civil, cumpriu mandados em Mauá e Santo André, no ABC Paulista, e em São Paulo.
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A 1ª Vara Criminal de Santo André decretou a expedição de cinco mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva, além da quebra do sigilo bancário dos investigados.
A ação se desenvolve a partir das operações “Latus Actio” e “Latus Actio II”, realizadas em março e dezembro do ano passado pela Polícia Federal, quando uma organização criminosa para arrecadar propinas dentro da corporação policial foi identificada. Na ocasião, um policial foi preso preventivamente e outro afastado do serviço.
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A polícia foi acusada de conduzir investigações de Verificação de Procedência de Informações (VPI) para apurar a realização de sorteios ilegais por influenciadores em suas redes sociais, atos que poderiam configurar infrações penais relacionadas à exploração de jogos de azar, estelionato e lavagem de dinheiro.
Entretanto, o objetivo dos agentes era receber suborno dos investigados e de seus advogados, sob a alegação de impedir a continuidade das investigações.
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A denúncia do MPSP cita os influenciadores do funk MC Paiva, MC Brisola, MC GHdo7 e Biel Grau. O MC Paiva foi um dos alvos das cinco ordens de busca e apreensão na segunda fase. O DJ possui um perfil no Instagram com 8,3 milhões de seguidores e exibe uma vida de luxo.
O Ministério Público declarou que policiais civis tentaram cobrar R$200 mil do MC Brisola para encerrar uma investigação, após ele ter concordado em pagar uma propina de 10% (R$20 mil).
A operação é um trabalho da Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco/SP), que conta com a participação da Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Administração Penitenciária e Secretaria Nacional de Políticas Penais.
Latus Actio II
Após a primeira operação, ocorrida em 12 de março de 2024, na segunda fase, em dezembro do ano passado, novas evidências obtidas com o material apreendido indicaram que policiais civis de São Paulo teriam solicitado propina a produtores, empresários e funkeiros para não investigarem a exploração de jogos de azar – especificamente, rifas promovidas e divulgadas por artistas e influenciadores em suas redes sociais.
De acordo com a nota informativa da Coordenação Geral de Fiscalização Comercial do Ministério da Fazenda, a realização de sorteios que se configurem como “rifa” não é autorizada pelo Ministério da Fazenda, sendo, considerado jogo ilegal.
Artistas e influenciadores que promoveram as rifas ilegais temiam que as investigações conduzidas pelos policiais civis resultassem em decisões judiciais que determinassem o bloqueio, mesmo que temporariamente, de suas contas e perfis nas redes sociais, em especial no Instagram.
Teriam concordado em pagar as propinas para evitar prejuízos econômicos e de imagem.
Foram executados, na ocasião, um mandado de prisão preventiva e seis de mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Mauá, São Caetano do Sul, Mogi das Cruzes e São José dos Campos.
Fonte: Metrópoles