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A Polícia Federal pretende finalizar relatório sobre indiciamento de Bruno Henrique

A Polícia Federal avançou nas investigações para elaborar um relatório complementar sobre o envolvimento de um grupo de apostadores ligados ao irmão do atacante do Flamengo em um caso de suposta manipulação de jogos.

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O árbitro indicou Bruno Henrique por estelionato e fraude em competição esportiva, conforme divulgado em primeira mão pelo Metrópoles, devido a um cartão amarelo no jogo entre Flamengo e Santos, no Campeonato Brasileiro de 2023.

Com a autorização da Justiça para acessar dados da Blaze, os investigadores buscam identificar um segundo núcleo envolvido no esquema e também já indiciado, que teria apostado no atleta após receber o aviso do próprio jogador.

A Polícia Federal já identificou os apostadores, com base em informações preliminares fornecidas pela Blaze. A investigação busca detalhes sobre os valores apostados e os lucros obtidos, dados que já foram repassados por outras casas de apostas, como Betano, GaleraBet e KTO.

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As informações solicitadas à Blaze serão incorporadas em um relatório complementar, que poderá ser finalizado em até um mês após o fornecimento dos dados, concluindo assim as apurações da PF.

Na época, a empresa de apostas afirmou atender prontamente às solicitações da população e que as restrições de informações ocorreram devido a impedimentos do Marco Civil da Internet e à Lei de Lavagem de Dinheiro.

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Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) estão analisando o indiciamento do jogador do Flamengo e de outras nove pessoas, que poderá resultar em denúncia.

Apostas em alta

Casas de apostas apontaram que mais de 95% das apostas no jogo entre Flamengo e Santos, válido pelo Campeonato Brasileiro de 2023, previam a concessão de um cartão amarelo ao atacante Bruno Henrique.

Segundo Betano, GaleraBet e KTO, a maior parte do volume apostado era direcionada à punição do jogador.

A Betano comunicou à PF que 98% das apostas foram para o cartão de Bruno Henrique. Já a GaleraBet apontou concentração de 95% no mesmo quesito. A KTO confirmou o direcionamento significativo das apostas ao atleta, embora não tenha especificado os percentuais.

Apesar da movimentação, uma aposta feita pelo irmão do atacante Wander Nunes Pinto Júnior foi bloqueada por uma plataforma devido à identificação de atividade suspeita em razão do volume incomum de apostas na penalidade do jogador.

Ela solicitou um empréstimo ao jogador devido ao atraso no pagamento.

Em mensagens recuperadas do celular de Wander, os investigadores identificaram uma conversa entre os dois ocorrida em 9 de dezembro de 2023 – mais de um mês após o jogo entre Flamengo e Santos pelo Campeonato Brasileiro.

Diás comprometedores

Wander solicitou R$ 4 mil emprestados ao atacante, para quitar dívidas no cartão de crédito e aluguel. Ele alegou não possuir “nenhum centavo” e mencionou que, “para você ter ideia, sabe a parada que você me deu ideia do Santos [a aposta], até hoje eles não pagou”.

Coloquei [R$] 3 [mil] pra ganhar [R$] 12 [mil], e eles bloquearam por suspeita. Estou pensando se você pode fazer isso, você vai me salvar, de coração mesmo. Tem como descontar [R$] 10 [mil] da casa, e você me dá, aí pago tudo aqui, sobra um dinheiro pra ir na praia e aí eu compro a casa eu recupero esse dinheiro e repiono ele. Igual te falei: eu não ia pedir pra você, mas eu já não tenho mais solução pra quem recorrer me ajuda aí por favor.

A polícia apura que Bruno Henrique informou que receberia um cartão amarelo para que Wander obtivesse lucro na aposta.

BH respondeu: “Tendi nada oq vc falou aqui Juninho (sic)”. E Wander responde: “Fala aí, mano, o que você não entendeu?”. Bruno Henrique retrucou: “Isso aqui”.

Posteriormente, a mensagem que a Polícia Federal classificou como uma das mais relevantes no inquérito, o irmão do atacante do clube de futebol, mencionou de forma direta o esquema de apostas.

“No dia em que me deu a ideia do cartão, eu apostei 3 mil para ganhar 12 mil. Só que até hoje eles não pagaram, colocaram a aposta em análise e o dinheiro está todo preso. Eu estava pensando em pedir ajuda sua com 10 mil só para resolver minhas coisas até esse dinheiro sair, pagar o cartão, pagar pensão dos meninos que está atrasada, me estabilizar aqui. Eu não queria te pedir, só que eu não tenho outra solução, eu ia até fazer um empréstimo para resolver isso, mas não consegui, a única solução que tive foi a de recorrer a você. Se você me ajudar nessa, você vai me salvar, não tenho mais onde recorrer, como não vou comprar a casa agora tira desse dinheiro da casa assim que resolver já reembolso esse valor que dá para estabilizar.”

O diácaptado pela PF indica que a conversa entre os dois continuou no dia seguinte, 10 de dezembro, quando Bruno Henrique responde ao irmão sobre o “empréstimo”, afirmando que “iria ver” o caso do Wander. As mensagens que a PF teve acesso revelam que, às 11h25 da mesma data, Bruno Henrique enviou um tipo de comprovante bancário ao irmão.

Você paga enquanto espera o dinheiro. Em resposta, Wander escreveu: “Demoro essa merda saindo eu te mando”.

Mensagens

A Polícia Federal apreendeu o celular do jogador, porém não identificou informações relevantes. Das 3.989 mensagens do WhatsApp analisadas, muitas eram vazias ou já haviam sido apagadas, o que, para os investigadores, sugere que Bruno Henrique eliminou alguns diás.

Contudo, os agentes obtiveram acesso ao celular do irmão do atacante, onde identificaram conversas que corroboram o envolvimento de Bruno Henrique no esquema de apostas ligado ao recebimento de cartão amarelo em jogo entre Flamengo e Santos pelo Campeonato Brasileiro de 2023.

O Metrópoles divulgou parte dessas mensagens. Um dos trechos mostra que Bruno Henrique comunicou ao irmão informações sobre a possibilidade de receber cartão amarelo. Wander questionou o atacante: “Será que vai aguentar ficar até lá sem cartão?”.

Bruno Henrique comenta que só receberia o cartão se “entrasse forte em alguém”. Wander responde que iria “guardar dinheiro”, indicando que faria uma aposta sobre o cartão no jogo contra o Santos. Ele ainda completa: “Investimento com sucesso”.

A Polícia Federal considera que o jogador operava em colaboração com o irmão para prever resultados de jogos de apostas esportivas.

Fonte: Metrópoles

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