A população da cidade do Rio busca, primordialmente, melhorias na saúde
A prefeitura promoveu consulta pública na formulação do Plano Municipal, estabelecendo metas a serem alcançadas.

A população do Rio de Janeiro solicitou a diminuição do tempo de agendamento de consultas e no atendimento de urgência, além da contratação de mais médicos e enfermeiros. Essa é a principal demanda identificada em uma consulta pública realizada pela plataforma digital Participa.rio, que contou com 14.511 respondentes, com maioria de mulheres, pretas e pardas na faixa etária entre 35 e 54 anos. Os bairros com maior participação foram Bangu, Santa Cruz, Campo Grande e Tijuca. O levantamento faz parte do Plano Estratégico do Rio 2025-2028, lançado recentemente.
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As questões de saúde receberam 6.351 indicações de prioridade, seguindo-se a segurança pública com 5.478, educação com 3.529 e transporte com 3.436. Além da maior agilidade no atendimento em saúde, os participantes concordaram com a maior necessidade de participação da prefeitura nas questões de segurança, desejam mais vagas em escolas de tempo integral e creches, além de ônibus com ar-condicionado e maior oferta de linhas, em especial na região metropolitana.
“Considero relevante destacar que o primeiro problema identificado foi a saúde. Assim, o ambiente municipal continua sendo um em que a cidadania não está comprometida por questões muito abstratas e polarizadas. Ela se caracteriza por questões concretas, como saúde, transporte e segurança pública”, declarou à Brasil de Fato a cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart. Ela elogia a adoção de ferramentas de participação pelo caráter pedagógico e como forma de atrair mais cidadãos para as decisões da cidade, mas lembra que a escuta deve se traduzir em ações implementadas.
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Anote para cobrança: metas divulgadas para Saúde, Educação e Transporte. O Plano Municipal para o período de 2025-2028 foi anunciado no último sábado (2), quando o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ) admitiu renunciar ao cargo para concorrer a governador e deixar seu vice, Xarã Cavaliere, à frente do executivo municipal. Caso essa situação se confirme, Cavaliere será o prefeito mais jovem da capital fluminense e assumirá o cargo com 31 anos. Para a implementação do plano, estão previstos investimentos de R$ 19 bilhões, sendo R$ 17 bilhões provenientes de fontes próprias e o restante de fontes externas.
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Entre as metas para a Saúde, estão a construção de seis clínicas da família até 2028, dois Super Centros Cariocas de Saúde, um na zona oeste e outro na zona norte, até 2028. O combate à fome também está incluído e a prefeitura pretende ampliar para 100 o número de cozinhas comunitárias para 100 unidades. Entre as metas principais, também está o aumento da proporção de cura de casos novos de tuberculose para 85% e reduzir a taxa de mortalidade infantil para 10 por 1.000 nascidos vivos até o final do plano. De acordo com o mapa apresentado pela prefeitura, há uma grande variação desses índices na cidade. Enquanto nas áreas centrais essa taxa está entre 1-23, na zona oeste ultrapassa 200.
Em relação ao transporte, o governo municipal assegura que avançará com o encerramento das concessões do sistema regular das linhas de ônibus para “fortalecer o sistema de transporte público com foco na qualidade e acessibilidade”, substituir o sistema BRT por VLT (Veículo Leves sobre Trilhos) e implantar 50 quilômetros de ciclovias até 2028. A necessidade de tais melhorias decorre do diagnóstico da redução no número de passageiros e quilômetros rodados nos últimos anos. A quilometragem rodada anual diminuiu de 500 milhões entre 2015/2016 para menos de 300 milhões em 2024. Apesar dos anúncios de melhoria, a mais recente informação é que haverá uma redução de 20% na frota de ônibus na cidade.
Já em relação à educação, a prefeitura comemorou o aumento da taxa de matrículas em creches do município entre 2000 e 2023, que subiu de 12% para 47%, e propôs criar 13 mil novas vagas até 2028. Para atender outra demanda vinda da população, a prefeitura pretende aumentar em 70% o número de matrículas no ensino integral da rede municipal, que hoje conta com 309 mil matrículas. Há também a meta de climatizar 100% das salas de aula até 2027.
No âmbito da segurança pública, uma das primeiras ações do plano contempla a instalação de 15 mil novas câmeras nas vias principais da cidade, com monitoramento contínuo, visando a redução de 30% nos índices de roubos, furtos de patrimônio público e vandalismo, conforme dados da Secretaria Municipal de Educação em 2024. Adicionalmente, planeja-se a implementação de uma divisão de elite da Guarda Municipal, com a contratação de 4.200 agentes até 2028.
A aprovação da Guarda Municipal Armada é uma grande preocupação para os defensores dos direitos humanos, como já mostrou a cobertura do Brasil de Fato. Goulart concorda que a criação de uma nova divisão da polícia é desnecessária, mas entende que a segurança pública é uma demanda que precisa ser atendida. “A segurança pública já foi uma questão meramente ideológica. Hoje, ela é um problema pungente que afeta drasticamente o dia a dia das classes populares, porque é impossível o cidadão se preocupar com consultas médicas se ele não consegue circular livremente”, reflete. Ela defende a instalação de câmeras, mas entende a criação da guarda armada como excesso: “é algo muito diferente do mero punitivismo ou o aumento dos recursos de violência por parte dos agentes de segurança pública”.
Fonte por: Brasil de Fato