A presença de maior variedade de plantas aumenta em mais de duas vezes a capacidade de armazenamento de carbono no solo

Pesquisa indica que o incremento da diversidade de espécies vegetais contribui para a retenção de carbono no solo e otimiza a produtividade agrícola.

02/08/2025 8h52

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(Imagem de reprodução da internet).

Uma pesquisa do RCGI (Centro de Pesquisa para Inovações em Gases de Efeito Estufa) revela que a diversificação e o aumento da variedade de espécies vegetais podem superar em mais de duas vezes a taxa de fixação de carbono no solo. O estudo, realizado nos últimos dois anos, demonstra que essa prática não só auxilia na captura de dióxido de carbono (CO₂), como também proporciona benefícios a longo prazo para a produção agrícola.

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O RCGI é um CPE (Centro de Pesquisa em Engenharia) criado com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Shell, com participação de outras empresas, localizada na Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).

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O projeto é conduzido por Cimélio Bayer, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que investiga os impactos da gestão do solo na fixação de carbono há mais de vinte anos. Bayer e sua equipe participam do projeto “Melhorando o manejo da pastagem como Solução Baseada na Natureza para sequestro de carbono no solo no Brasil”, coordenado pelos professores Carlos Eduardo Pellegrino Cerri e Maurício Roberto Cherubin, da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo).

O programa busca criar soluções para o setor agrícola, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa, elevando a fixação de carbono no solo através de métodos como a recuperação de vegetação nativa e o manejo correto de pastagens, juntamente com sistemas agrícolas integrados.

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Em áreas experimentais no Cerrado e nos Pampas, que antes eram utilizadas para monoculturas como soja e algodão, verificou-se um aumento notável na fixação de carbono com a diversificação das espécies cultivadas. “Práticas que asseguram a produção ao longo do ano e diminuem o revolvimento [erosão e perdas de nutrientes] são cruciais. O plantio direto, associado à diversificação de espécies, apresentou-se como particularmente eficaz”, afirma Bayer.

O sistema de plantio direto, que realiza a semeadura sem a necessidade de aração ou gradagem, foi considerado eficaz, porém restrito em monoculturas. Em sistemas diversificados, a capacidade de retenção de carbono mais que dobrou, atingindo valores superiores a 0,6 tonelada por hectare/ano.

A longo prazo.

A pesquisa também examinou o sequestro de carbono ao longo de várias décadas, observando que a capacidade de retenção persiste por 30 a 40 anos após a implementação de sistemas conservacionistas de manejo, desafiando a expectativa prévia de que o acúmulo de CO₂ no solo se limitaria a 20 anos. “Nossos resultados demonstram que o solo pode continuar acumulando carbono em camadas mais profundas, o que possui implicações relevantes para práticas agrícolas sustentáveis de longo prazo”, afirma o professor da UFRGS.

As amostras de solo foram coletadas até 1 metro de profundidade, em desacordo com a prática usual de amostragem superficial. Isso possibilitou uma análise mais precisa da fixação de carbono nas camadas inferiores, utilizando metodologias reconhecidas internacionalmente.

Os pesquisadores estão avaliando os efeitos desse acúmulo de carbono na produtividade agrícola, investigando como o aumento da matéria orgânica melhora fatores como a retenção de água e a disponibilidade de nutrientes para as culturas. Ademais, como parte do projeto, estão analisando a contribuição das partes aéreas e das raízes das plantas na fixação de carbono, utilizando isótopos que enriquecem as plantas e possibilitam um estudo diferenciado dessas estruturas.

Com informações da Agência Fapesp.

Fonte por: Poder 360

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