A psicanalista pop diz que não há um perfil típico para vítimas de relacionamentos abusivos

No fim de semana passado, a apresentadora Ana Hickmann contou que foi agredida pelo seu marido, Alexandre Correa. Ela fez uma denúncia na polícia, informando que as agressões começaram depois de uma discussão e que precisou ir ao hospital em seguida.

O assunto gerou muito debate nas redes sociais e fez surgir a questão do relacionamento abusivo online. Infelizmente, esse tipo de situação é mais frequente do que imaginamos. De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet, uma a cada quatro mulheres já sofreu violência doméstica em algum momento de suas vidas.

Entrar em um relacionamento abusivo pode ocorrer com qualquer mulher, assim como aconteceu com Manuela Xavier. A psicanalista e influenciadora preicsou de força para sair do relacionamento que a aprisionava. “A gente que aquilo é amor, quando, na verdade, não é. Mas são coisas tão pequenas, às vezes, que a mulher nem percebe”, pontua.

Para fugir da situação de estar em um relacionamento abusivo, é importante contar com a ajuda de amigos. É fundamental ter amigos que possam ajudar nessa situação. Foi por isso que comecei a falar sobre relacionamento abusivo nas minhas redes sociais, para que as mulheres possam perceber se estão passando por isso e como devem sair dessa situação. Decidi abordar esse assunto nas minhas redes sociais para mostrar que é possível sair dessa situação e que não há motivo para se sentir envergonhada.

Atualmente, não há um conjunto de diretrizes estabelecido

O relacionamento abusivo pode se enquadrar em diversas características, como a influenciadora pontua em suas redes sociais e também no livro “De olhos abertos: uma história não contada sobre relacionamento abusivo”. “Pode ser aquela pessoa com o ‘pavio mais curto’, que começa a criticar suas roupas, controlar o seu dinheiro, aí vai passando para casos mais extremos como a agressão ou o feminicídio”, explica Xavier.

Nos últimos dias, várias celebridades relataram ter vivenciado relacionamentos abusivos, como Ana Hickmann. Também foram divulgados os casos de abuso sofrido por Patrícia Ramos e Gleici Damasceno. As duas denunciaram seus relacionamentos abusivos nas redes sociais, enquanto o boletim de ocorrência da ex-modelo foi divulgado pelo portal Leo Dias.

“Algumas pessoas têm a ideia equivocada de que as vítimas de relacionamentos abusivos são mais “frágeis”. No entanto, não há um perfil específico para essas vítimas. É possível perceber que até mesmo mulheres empoderadas, das quais você nunca imaginaria passar por isso, são corajosas o suficiente para falar sobre suas experiências. Esse problema de machismo está profundamente enraizado em nossa sociedade e não é algo facilmente modificado.”

A psicanalista destaca como é importante que pessoas famosas abordem este tema, que é comum, mas muitas vezes não é discutido. Quando Gleici e Patrícia compartilham suas experiências, isso encoraja outras mulheres a sair desse ciclo de abuso. O caso de Ana Hickmann é um pouco mais complicado, mas quando vemos essas mulheres falando sobre os abusos, percebemos que isso pode acontecer com qualquer uma de nós. Por isso é fundamental falar sobre isso antes que chegue à violência física ou até mesmo à morte.

No primeiro semestre de 2023, os casos de feminicídios no Brasil apresentaram um aumento de 2,6%, comparativamente ao mesmo período no ano anterior. O país registrou 722 mulheres vítimas de homicídio, em contraste com as 704 ocorrências nos primeiros seis meses de 2022. Paralelamente, os casos de estupro e estupro de vulnerável experimentaram um aumento significativo de 14,9%, totalizando 34 mil mulheres vítimas desse crime. Notavelmente, 70% dos casos de estupro envolveram meninas com até 13 anos como vítimas. Esses dados alarmantes foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública na última segunda-feira (13).