A reunião com Bolsonaro em que se analisou a possibilidade de prisão de Moraes, segundo ex-chefe da FAB

Carlos de Almeida Baptista Júnior presta depoimento ao Supremo Tribunal Federal na ação penal referente à tentativa de golpe de Estado.

21/05/2025 15h01

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(Imagem de reprodução da internet).

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior declarou, ao Supremo Tribunal Federal na quarta-feira 21, que houve consideração em uma reunião no final de 2022 sobre a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Essa medida seria parte de uma estratégia para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a vitória eleitoral de Lula (PT).

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Baptiste Júnior testemunhou sob as acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República.

O procurador-geral Paulo Gonet questionou o almirante sobre se houve a discussão a respeito de prender autoridades, em algum encontro com Bolsonaro e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

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“Sim, senhor, do ministro Alexandre de Moraes”, respondeu a testemunha. “Isto ocorreu nas reuniões de brainstorming. Isto aconteceu. Lembro que houve essa cogitação de prender o ministro Alexandre de Moraes, que era presidente do TSE. E amanhã o STF irá soltar um habeas corpus para libertá-lo e vamos prender todo mundo?” Estava no brainstorming e ficou o desconforto.

A Justiça Federal em São Paulo emite ameaça de prender Bolsonaro.

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Na oitiva, Baptista Júnior também confirmou que o general Freire Gomes — então chefe do Exército — alertou que haveria de prender Bolsonaro caso o então presidente tentasse concretizar um golpe de Estado em 2022.

Freire Gomes se mostrou polido e educado, não manifestou agressividade, ele não faria isso. Contudo, foi o que ele disse. Com muita tranquilidade e calma, ele colocou exatamente isso: “se fizer isso, vou ter que te prender”, declarou o ex-chefe da Aeronáutica ao STF.

Gonet questionou o depoente se Bolsonaro sabia que não houve fraude na eleição em que foi derrotado por Lula. “Sim, através do ministro da Defesa. Além de reuniões que eu falei, o ministro da Defesa despachava sobre esse assunto”, respondeu.

O relatório da Polícia Federal sobre a investigação da trama golpista aponta que Bolsonaro redigiu o texto do documento conhecido como “minuta do golpe”, o decreto que buscaria consumar o golpe. Em 7 de dezembro de 2022, o então presidente realizou ajustes no documento e convocou os comandantes das Forças Armadas para uma reunião no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro buscaria, naquele encontro, apresentar o documento e incitar as Forças Armadas a adotarem o plano de extinção do Estado Democrático de Direito.

Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se opuseram a qualquer plano que privasse o governo legitimamente eleito de seu poder, conforme concluiu a polícia. Já o comandante da Marinha, almirante Garnier, se colocou à disposição para cumprimento de ordens.

Dois dias após, em 9 de dezembro, Bolsonaro quebrou o silêncio após a derrota para Lula e se dirigiu a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. Na ocasião, incentivou as manifestações golpistas após a eleição e fez referência aos militares.

Nada está perdido. O fim, somente com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês, declarou o ex-capitão.

A Polícia Federal apura que o pronunciamento seguiu a linha da organização criminosa, com o objetivo de sustentar a expectativa dos manifestantes de que o então presidente, em conjunto com as Forças Armadas, interviria para modificar o desfecho das eleições presidenciais, situação que se desenrolava naquele instante.

Fonte: Carta Capital

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