A rodada de investimento Série A alcançou um faturamento de R$ 10,2 bilhões e houve um crescimento de 23% nas dívidas

Corinthians e Atlético-MG aparecem no topo do ranking de endividamento, com dívidas de R$ 2,3 bilhões cada, conforme relatório.

02/06/2025 20h33

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(Imagem de reprodução da internet).

O futebol brasileiro apresenta um paradoxo. Por um lado, a indústria alcançou valores recordes de faturamento. Por outro, alguns clubes continuam a despesas superiores às receitas, gerando dívidas que ameaçam a sustentabilidade do setor. É o que aponta o 16º relatório Convocados 2025, elaborado pela Convocados Gestora de Ativos de Futebol em parceria com a OutField Inc., com patrocínio da Galapagos Capital. A íntegra do documento (PDF – 16 MB) está disponível.

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Os clubes da Série A arrecadaram R$10,2 bilhões em 2024, correspondendo a um crescimento real de 10% em comparação com o ano anterior. Contudo, o aumento nas receitas recorrentes – aquelas que não incluem a venda de atletas – foi de apenas 4%. O dado demonstra a vulnerabilidade da operação dos clubes, que continuam muito dependentes das transações de jogadores para equilibrar as finanças.

As despesas seguem em ascensão, ultrapassando as receitas operacionais. Em 2024, os clubes apresentaram um resultado negativo acumulado de R$283 milhões. Adicionalmente, o endividamento total aumentou significativamente, atingindo R$14,6 bilhões – um crescimento de 23% em relação a 2023. Deste total, as dívidas operacionais, que abrangem salários e contratações, expandiram 37%, totalizando R$6,3 bilhões.

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O futebol brasileiro apresenta uma contradição. Aumentam-se as receitas, observa-se um mercado mais profissional e com mais investidores, porém a operação ainda se mantém com alto risco. A dependência da venda de jogadores para equilibrar as contas indica que o modelo operacional dos clubes não se sustenta de forma consistente, conforme analisa Cesar Grafietti, economista responsável pelo estudo.

O crescimento acelerado dos investimentos em contratações, que totalizaram R$3,4 bilhões em 2024 – o dobro do registrado no ano anterior – é um dos motores desse cenário. As despesas financeiras continuam representando um peso significativo na gestão dos clubes. O Corinthians, por exemplo, gastou R$ 369 milhões com juros, o equivalente à 14ª maior receita da Série A. Já o Atlético-MG pagou R$ 219 milhões em juros, um valor correspondente à 16ª maior receita da liga.

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A concentração das receitas também chama atenção. 4 clubes – Palmeiras (R$ 500 milhões), Fluminense (R$ 268 milhões), Corinthians (R$ 267 milhões) e Athletico Paranaense (R$ 208 milhões) – foram responsáveis por mais da metade de todo o valor arrecadado com transferências em 2024. No campo das dívidas, Corinthians e Atlético-MG encerraram o ano com R$ 2,3 bilhões cada, liderando o ranking negativo.

Estamos testemunhando uma contradição: o futebol brasileiro expande-se, atrai investimentos, porém a operação ainda se mantém com alto risco. A dependência da venda de jogadores para equilibrar as contas indica que o modelo operacional dos clubes não se sustenta de forma consistente.

Em 2024, as Bets injetaram aproximadamente R$580 milhões nos clubes, impulsionado pela regulamentação do setor. A previsão é que esse valor alcance R$1 bilhão em 2025.

Os dados representam um alerta: quase metade dos clubes da Série A operaram com prejuízo no ano passado.

O futebol brasileiro deve ser administrado como uma indústria bilionária. É um setor relevante para a economia que pode apresentar um crescimento expressivo e duradouro – basta que os clubes considerem a gestão financeira como prioridade. É preciso abandonar o imediatismo e adotar práticas de governança e responsabilidade para assegurar o futuro do esporte no país.

O Relatório Convocados 2025 também aponta que quase metade dos clubes da Série A operaram com prejuízo no ano passado.

O futebol brasileiro encontra-se em uma situação crítica. Se não ocorrer uma transformação efetiva no gerenciamento de custos e no equilíbrio entre receitas e despesas, o crescimento pode se tornar um entrave, e não uma solução.

Fonte por: Poder 360

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