A Rússia aconselha não esperar resultados imediatos antes de novas negociações com a Ucrânia

Em 2025, pela terceira vez, a Turquia sediará novos esforços para solucionar o conflito no Leste Europeu, que permanece sem uma resolução.

23/07/2025 0h17

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(COMBO) This combination of file pictures created on February 13, 2023 shows Ukraininan President Volodymyr Zelensky giving a press conference as part of a EU summit in Brussels, on February 9, 2023 and Russian President Vladimir Putin chairing a meeting with secretaries of foreign security councils at the Kremlin in Moscow on February 8, 2023. (Photo by Ludovic MARIN and Grigory SYSOYEV / various sources / AFP)

A ofensiva de verão da Rússia não tem apresentado grande sucesso territorial. Na verdade, poucas alterações foram observadas nos mapas da guerra nos últimos seis meses, embora ganhos isolados em vilarejos no Donbass tenham contribuído para elevar o moral das tropas ucranianas. Apesar dessas conquistas iniciais, os ataques com milhares de drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro esgotaram a capacidade de defesa antiaérea da Ucrânia, levando o presidente Volodymyr Zelensky a considerar a busca por uma saída diplomática mais ativa.

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A devastação de áreas significativas de grandes cidades ucranianas, incluindo Kharkiv, Sumy e Kryvy Rih, levou os diplomatas ucranianos a intensificar seus esforços e persuadiu o presidente Donald Trump a fornecer armas a Kiev.

Trump, possivelmente desiludido com sua própria habilidade de convencer Vladimir Putin, ou realmente revoltado com as ações militares agressivas de Moscou na Ucrânia, chegou a impor um ultimato aos russos no âmbito econômico. Caso em 50 dias da data de seu anúncio não se alcançasse um acordo diplomático com a Rússia, os produtos russos seriam taxados em 100% ao entrarem nos Estados Unidos. Apesar de soar como uma ameaça, a força da medida se enfraquece ao se considerar que o comércio entre os dois países teve uma queda de aproximadamente 90% desde a invasão da Ucrânia em 2022, o que não causa insatisfação aos membros da Federação Russa.

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Como herdeiros diretos da União Soviética, a Rússia aprendeu a viver sancionada por diversas nações ao longo de mais de um século. Mesmo com as perspectivas econômicas desafiadoras para a Rússia até o final desta década, nenhuma medida puramente fiscal ou financeira poderá modificar os planos de Vladimir Putin na Ucrânia. Nesse cenário de inflexibilidade, os russos enviaram uma delegação à Turquia novamente para uma nova rodada de negociações. O representante do Kremlin, Dimitri Peskov, contudo, ressalta “não esperem resultados imediatos”.

Todos os assessores do presidente Putin defendem que para que haja negociações sérias, as discussões devem se basear na realidade nas linhas de frente e nos mapas mais recentes de controle territorial. Imagens de satélite confirmam que aproximadamente 20% do território internacionalmente reconhecido como ucraniano está atualmente sob o controle da Federação Russa. Para Moscou, essas conquistas são irreversíveis e inegociáveis. A renúncia do ideal atlanticista de Kiev também é condição indispensável para o encerramento definitivo do conflito.

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À medida que aguarda uma nova remessa de equipamentos da OTAN, assegurada por Trump e o secretário-geral do bloco, Mark Rutte, Zelensky calcula politicamente, o que se torna doloroso diante da realidade. A expectativa de recuperar todos os seus territórios gradualmente perde força, conforme uma guerra extensa, árdua e desgastante se prolonga em seu quarto ano consecutivo.

Reconquistar 20% era o objetivo inicial, não perder mais 20% é a meta atual. O direito internacional e a moral que governa as relações entre nações desde 1945 sempre estarão ao lado da soberania da Ucrânia, contudo a Realpolitik, com o mundo concreto e pragmático, já aponta para um novo desenho de seu território.

As negociações no terreno turco podem terminar, pela terceira vez, de maneira repetitiva e com resultados ineficazes, porém evidenciam aos russos, aos ucranianos e aos nacionais de vários países em conflito que a diplomacia, em algum momento, é necessária. Diálogos improdutivos, embora frustrantes, podem reacender a possibilidade de abordar a resolução de importantes questões geopolíticas por meio de gestos de boa vontade.

Fonte por: Jovem Pan

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