A taxa Selic permanecerá elevada por um período considerável, afirma Galípolo

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirma que instituições financeiras não devem “se emocionar” em relação a indicadores econômicos de curtíssimo prazo.

19/05/2025 12h43

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(Imagem de reprodução da internet).

O presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou na segunda-feira (19.mai.2025) que a taxa básica, a Selic, manter-se-á em um nível restrito por um período consideravelmente extenso. Declarou que os agentes financeiros não devem “se emocionar” com dados de atividade econômica de curto prazo, pois a autoridade monetária tem a intenção de conduzir um longo período de aperto.

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O chefe do Banco Central declarou que o debate sobre o prazo necessário para a inflação atingir a meta terá maior relevância. Indicou que o ajuste do nível da taxa de juros será de importância secundária, reduzindo a relevância de um patamar de 14,75% ou 15,00% ao ano.

“Não deveríamos nem nos emocionar com o Caged, que é muito fraco, nem com um dado do setor industrial que seja apenas um pouco mais forte. Precisamos reunir informações para confirmar uma tendência”, declarou o presidente do BC.

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O Galúpô participou da 12ª Anual Brasil Macro Conference, organizada pelo banco Goldman Sachs, em São Paulo. O Banco Central acredita que a desaceleração da economia é “essencial” para que a inflação alcance a meta de 3%.

Respondendo a uma pergunta sobre uma possível redução da taxa Selic, afirmou que o Banco Central ainda não abordou o tema.

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“Eu compreendo que agora se iniciará essa tentativa de encontrar o sinal que possa produzir uma inflexão, mas ainda não estamos próximos dessa discussão. Este não é um tema que está passando nos debates do Comitê de Política Monetária”, declarou. “Precisamos permanecer com a taxa de juros em um patamar bastante restritivo por um período prolongado.”

Galípolo afirmou que a atividade econômica está surpreendentemente dinâmica, apesar dos últimos anos com taxa de juros em patamar restritivo. Ele declarou que a inflação está acima da meta e as expectativas dos agentes financeiros para o índice de preços estão desancoradas da meta.

O Comitê de Política Monetária informou que a taxa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) permanecerá fora da meta estabelecida em junho. A inflação do Brasil atingiu 5,53% no período acumulado de 12 meses até abril.

O Banco Central elevou de 14,25% para 14,75% a taxa básica para combater o aumento de preços e garantir que a inflação anualizada se mantenha no centro da meta.

O presidente do Banco Central declarou que o objetivo a ser transmitido a partir do ciclo que está sendo implementado é deixar evidente que não haverá qualquer tipo de ambiguidade ou flexibilização em relação à meta estabelecida pelo Banco Central.

A análise da MoneYou indicou que a taxa de juros efetiva prévia – estimada para os próximos 12 meses – é de 8,65%. Essa projeção considera a inflação prevista para o período de um ano.

O chefe do Banco Central declarou que, em suas conversas com investidores e economistas internacionais, observou uma surpresa em relação à robustez da economia brasileira. A taxa de desemprego alcançou o nível mais baixo do primeiro trimestre da série histórica.

O Banco Central voltou a argumentar que uma parcela do canal de transmissão da política monetária foi desobstruída. A instituição afirmou que o “desentupimento” será prioridade da gestão do atual presidente da autoridade monetária.

Os canais de transmissão da política monetária não estão operando com a mesma facilidade que se constata em muitos de nossos concorrentes. Serão necessárias diversas reformas, afirmou Galípolo.

Política fiscal

Galípolo afirmou que agentes financeiros avaliam, ao elaborar projeções macroeconômicas, um aumento dos gastos públicos para amenizar a desaceleração da economia causada pela taxa de juros elevada. Existem dúvidas entre os analistas se um eventual resfriamento da atividade econômica levará a medidas fiscais para impulsionar a economia.

O presidente do BC declarou que o assunto é complexo, pois a autoridade monetária teria que ser preventiva, o que não existe. Complementou: “Eu entendo que isso está […], explicando parte dessa dinâmica, uma expectativa de que possa existir uma função-reação no fiscal a partir de uma desaceleração da economia”.

Para o Galípolo, trata-se da dança que não é simples que o Banco Central está tendo que lidar. “A única maneira que o Banco Central tem de se comunicar é dizer que deu uma demonstração inequívoca da disposição do seu Comitê de Política Monetária em perseguir a meta [de inflação] e colocar a taxa de juros em patamar restritivo suficiente pelo período que for necessário”, disse.

O presidente do Banco Central afirmou que existe concordância no Copom (Comitê de Política Monetária) de que o equilíbrio de riscos para a inflação está menos enviesado em comparação com a reunião de março.

Cenário internacional

Ele afirma que o mundo está em um período de incerteza. Afirmou não existir “clareza” sobre o resultado das tarifas implementadas no comércio internacional e que há dúvidas acerca das tarifas que serão praticadas ao final das negociações.

O presidente do BC afirmou que não é simples aplicar certos níveis de tarifas comerciais do ponto de vista prático. “Assim, mesmo que você decida no final que chegou um volume de tarifas, colocá-las em prática será muito complexo”, declarou Galípolo.

Fonte: Poder 360

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