As maiores organizações criminosas do Brasil, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho) têm utilizado fintechs, apostas e criptoativos como instrumentos para lavagem de dinheiro e expansão de seus recursos financeiros, conforme o estudo “Lavagem de Dinheiro e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil: Reflexões sobre o Coaf em Perspectiva Comparada”, publicado nesta quarta-feira (25.jun.2025) pelo grupo Esfera em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A íntegra do levantamento (PDF – 3 MB) está disponível.
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A pesquisa indica que os três segmentos são os mais utilizados devido à sua baixa regulamentação e fiscalização. O crime organizado no Brasil se beneficiaria deles para desenvolver métodos sofisticados, visando ocultar bens e movimentar grandes valores sem atrair a atenção das autoridades.
Na cerimônia que acompanhou o lançamento do relatório compareceram autoridades, incluindo os ministros Gilmar Mendes, do STF, Bruno Dantas, do TCU, Paulo Gonet (PGR), Isaac Sidney (Febraban) e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
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As fintechs são empresas que fornecem serviços financeiros através de tecnologia digital. No Brasil, existem vários tipos de startups que operam integralmente no ambiente virtual e se expandiram globalmente.
Em 2024, o Distrito Fintech Report identificou 1.592 fintechs operando no Brasil, correspondendo a 58,7% do total da América Latina (2.712).
Em abril de 2024, a Operação Contenção, conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, revelou que a fintech 4TBank foi utilizada para lavar R$ 6 bilhões para o Comando Vermelho e o PCC em um período de um ano.
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O plano incluía, além de fintechs, empresas de aparência e plataformas contábeis ilegais, todas operando sem a supervisão do Banco Central.
Outro âmbito investigado pelas facções é o mercado de apostas esportivas online. Na Operação Primma Migração, ocorrida em abril de 2024, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal constatou que o PCC movimentou mais de R$ 300 milhões por meio de jogos de azar, incluindo o jogo do bicho e as bets, com parte dos recursos sendo utilizada para a corrupção de agentes públicos no Ceará.
O estudo aponta que o emprego de ativos digitais também se configurou em uma estratégia sedutora para o tráfico de drogas. A complexidade do rastreamento, a falta de intermediários e a viabilidade de transações internacionais rápidas tornam as criptomoedas um ambiente propício para atividades criminosas.
O ministro do TCU declarou que as organizações criminosas evoluíram e passaram a se infiltrar nas estruturas estatais.
O poder do crime organizado não se manifesta mais por meio de armas. Atualmente, há uma infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado, corrompendo instituições financeiras. O crime aprendeu a operar como uma empresa, afirmou.
O estudo propõe o reforço do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no combate ao crime organizado.
O Coaf é o órgão público mais importante para o combate à lavagem de dinheiro – processo pelo qual organizações criminosas ocultam o produto de delitos para manter suas atividades com aparência lícita.
Todas as informações sobre atividades suspeitas provenientes de bancos, cartórios, joalherias, leiloeiros de arte e outros, são encaminhadas ao Coaf. O conselho as analisa e, caso entenda que realmente indicam uma possibilidade de lavagem de dinheiro, avisa o Ministério Público para que inicie uma investigação.
Fonte por: Poder 360