Políticos reagiram nas redes sociais às medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). Opositores do governo Lula discutem a possibilidade de derrubar a decisão do magistrado em plenário, enquanto governistas afirmam que as medidas demonstram “justiça contra quem tenta sabotar a democracia”. O senador foi recebido no aeroporto de Brasília pela Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda-feira (4), 11 dias após anunciar que viajou aos Estados Unidos sem comunicar às autoridades. A partir de agora, Do Val passa a usar tornozeleira eletrônica e deve cumprir recolhimento noturno. Do Val teve o passaporte apreendido por determinação de Moraes em agosto do ano passado. O senador é investigado por supostamente integrar grupo que promovia ataques contra agentes da PF que atuam em inquéritos junto ao STF e tentar arquitetar um plano para anular as eleições de 2022.
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Ademais das restrições já mencionadas, o ministro ordenou o cancelamento de seu passaporte diplomático e o bloqueio de suas contas bancárias, cartões e chaves Pix. Senador e ex-vice-presidente no governo de Jair Bolsonaro (PL), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) classificou as medidas como “humilhantes e restritivas de liberdade”, afirmando que são injustificadas. “Entendo que, assim que o Senado for formalmente notificado pelo STF sobre as medidas impostas, caber-nos requerer, em caráter urgente, solicitando que o colegiado máximo delibere acerca do relaxamento ou manutenção das mencionadas restrições de liberdade, que são equivalentes à prisão em flagrante, conforme entendimento desta casa nesse sentido”, declarou o senador.
Do Val mencionou o caso do então senador, atualmente deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em maio de 2017 pelo crime de corrupção passiva e de obstrução de investigações, relacionado ao esquema de propina da J&F. O deputado foi absolvido em julho de 2023. Em outubro do mesmo ano, após conflitos entre os Poderes, a sessão plenária determinou que a Justiça pode aplicar medidas cautelares a parlamentares, contudo, em caso de afastamento direto ou indireto do cargo, é imprescindível o parecer do Congresso. Do Val não foi afastado do cargo.
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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também defendeu o colega de plenário, afirmando que Do Val pode contar com ele para “derrubar as arbitrariedades no plenário do Senado imediatamente”. Flávio também compartilhou a nota de repúdio capitaneada pelo líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), afirmando que as medidas cautelares comprometem “exercício pleno do mandato de um representante eleito, afetando não apenas sua atuação pessoal, mas também a autoridade do Senado como instituição democrática”.
Os senadores afirmam buscar o presidente da Câmara, Davi Alcolumbre, “solicitando posicionamento institucional sobre os reiterados abusos de autoridade do ministro”. O bolsonarista Jorge Seif disse que as medidas contra Do Val o transformaram em “senador zumbi” e que “falta tirar a alma do capixaba”. Já políticos da base governista apontaram que o senador deixou o país sem autorização e, durante sua estadia nos Estados Unidos, publicou uma série de vídeos desafiando Moraes.
“Vai ter fim trágico”, disse Marcos do Val sobre Moraes. O fim que veio foi outro: tornozeleira eletrônica no pé. Não é perseguição. É justiça contra quem tenta sabotar a democracia”, disse o presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT). Freixo fez referência à frase dita por Do Val em agosto do ano passado, quando o senador descumpriu determinação de Moraes em não usar redes sociais, mesma decisão que apreendeu seu passaporte.
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O vereador de Belo Horizonte (MG) e sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, Pedro Rousseff (PT), publicou fotos do senador apontando com o símbolo de “arminha” para o ex-presidente Bolsonaro, e outra de um agente da PF de costas, com a legenda: “A semana começou muito bem!”. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) comparou a medida imposta ao senador com aquelas aplicadas a Bolsonaro no último dia 18.
O ex-presidente também passou a usar tornozeleira e tem horário determinado para retornar para casa durante a semana. Ele é investigado no inquérito que visa o filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atua nos Estados Unidos para tentar garantir a liberdade do pai da Justiça. “A PF recolheu seu tornozelo com um sofisticado roteador Wi-Fi assim que ele desembarcou em Brasília. Conforme relatos, o senador ofereceu resistência e fez birra”.
Fonte por: Jovem Pan