Advogados e delegado do INSS são investigados por esquema de golpe que totalizou R$ 16 milhões
24/04/2025 às 9h03

Em menos de 48 horas, a Polícia Federal expôs dois esquemas distintos que evidenciam a vulnerabilidade do sistema de benefícios sociais no Brasil. Na quinta-feira (24/4), a corporação iniciou a Operação Cessatio, com foco na fraude do Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas) em favor de venezuelanos que não residem no país. A estimativa é que o prejuízo aos cofres públicos tenha atingido R$ 16 milhões.
Investigações revelaram que advogados e agenciadores coordenavam um esquema de falsificação de documentos e manipulação de cadastros oficiais para assegurar o recebimento de um benefício assistencial destinado a idosos em situação de vulnerabilidade.
O esquema envolvia atrair idosos na Venezuela, levá-los até Roraima para formalizar o pedido com informações falsas e, em muitos casos, fazê-los retornar ao país de origem após o início dos pagamentos.
Foram executados 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, com foco em sete escritórios de advocacia e oito investigados. Um delegado aposentado da Polícia Civil é alvo da investigação, suspeito de ter promovido centenas de concessões irregulares.
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Esta é a sexta operação da PF no Roraima relacionada a fraudes no BPC, e que visa demonstrar a exploração de imigrantes em situação de vulnerabilidade por meio de redes organizadas. A Justiça também ordenou o bloqueio de bens dos envolvidos e suspendeu a atividade econômica de alguns dos investigados.
O prejuízo somou R$ 6,3 bilhões. A ação ocorreu um dia após o desencadeamento de uma operação de âmbito nacional, que visava outra modalidade de golpe envolvendo o INSS. Na quarta-feira (23/4), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União realizaram uma operação contra descontos indevidos em aposentadorias e pensões, que teriam sido praticados por associações de fachada, sem a autorização dos beneficiários.
Aposentados foram formalmente registrados como associados a entidades que alegavam fornecer assistência jurídica e benefícios, porém sem a capacidade operacional para cumprir as promessas. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões, e diversos servidores do INSS foram afastados. O presidente do instituto foi exonerado após o desenvolvimento das investigações. Foram apreendidos veículos de luxo, joias e dinheiro em espécie.
As investigações seguem em curso, e os acusados podem ser responsabilizados por estelionato majorado, formação de quadrilha criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal aconselha que aposentados e pensionistas que identificarem descontos incorretos em seus extratos utilizem o site ou aplicativo Meu INSS, ou entrem em contato com a Central 135, para solicitar o bloqueio ou a exclusão de cobranças não autorizadas.
Fonte: Metrópoles