Aeroportos se tornam rotas de tráfico incomum: morcegos, crânios e rituais
28/04/2025 às 3h11

Cabeças de aves, crânios de primatas e partes de peixes. Os pontos de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nos aeroportos do país são, ocasionalmente, confrontados pelas rotas do contrabando de animais, que representam alto risco sanitário e ambiental.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima esclareceu que é frequente o Ibama encontrar animais mortos nas bagagens de passageiros em operações de fiscalização em aeroportos.
As apreensões abrangem desde artefatos feitos com partes de animais selvagens até crânios de primatas utilizados em rituais ou pesquisas ilegais.
As equipes do Ibama já recolheram objetos feitos com marfim, ratos empalhados, troféus de caça e até crânios de babuínos – espécie de primata nativa da África.
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O Ibama possui uma unidade fixa no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em razão do elevado volume de importações e exportações. Além disso, existem pontos de atuação em diversas regiões do país.
Qual é o destino das mercadorias?
Ao ser identificado transportando material irregular, o passageiro pode apresentar documentos comprobatórios. Confirmada a irregularidade, aplica-se sanção administrativa e a carga é apreendida.
De acordo com o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente, o descarte deve ser realizado por meio da destruição, em conformidade com os protocolos sanitários.
As penalidades variam de acordo com a infração. Quando envolvem espécies ameaçadas de extinção, o valor pode ser até dez vezes superior ao das espécies não listadas oficialmente.
Ademais, são comunicados aos órgãos competentes e podem configurar crimes sanitários e falsificação documental – delitos que ultrapassam a competência do Ibama.
forma clara e
Uma prática de risco.
Animais exóticos, mesmo após a morte, podem gerar riscos ambientais e sanitários consideráveis. Podem transportar agentes patogênicos – vírus, bactérias, fungos e parasitas – que sobrevivem ao transporte e são capazes de provocar doenças em humanos, animais domésticos e a fauna selvagem.
A salmonelose e a peste suína africana são zoonoses com potencial para gerar impactos significativos na saúde pública e na produção agropecuária.
Do ponto de vista ambiental, animais mortos podem transportar ovos de parasitas, esporos de fungos ou microrganismos que impactam espécies nativas e causam desequilíbrios ecológicos. O descarte inadequado desses materiais também pode contaminar o solo, a água e atrair vetores como ratos e insetos.
Apreensões
Em janeiro, o Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiar), do Ministério da Agricultura e Pecuária, interceptou vestígios de animais na bagagem de um viajante proveniente da Nigéria, no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
O sistema de raio-X identificou os objetos após o pouso. Os materiais encontrados incluíam ratos empalhados, morcegos, camaleões, cabeças de cobra, bagres secos e a cabeça decapitada de um cachorro, todos acompanhados por larvas.
De acordo com o Vigiar, a encomenda era a bagagem e o destinatário esperava do lado de fora da área de fiscalização. Todo o material foi apreendido e destinado à incineração.
Outro caso notável ocorreu em outubro do ano passado, no âmbito da Operação Hermes, uma ação coordenada do Ibama, da Polícia Federal e da Receita Federal, no Aeroporto Internacional de Belém (PA).
Foram apreendidos três cocares e um chocalho feitos com penas de aves selvagens, além de 11 animais da fauna brasileira: duas serpentes, uma cabeça de lagarto, um escorpião, duas rãs, três centopeias e duas lesmas. Os itens estavam nas bagagens de passageiros que iriam viajar para dentro e fora do país.
Fonte: Metrópoles