Agência Fitch mantém perspectiva neutra para títulos da dívida pública de países latino-americanos
A Classificadora prevê um crescimento de 2,1% para a região em 2025.

A Fitch Ratings manteve a visão neutra sobre as notas de crédito dos países da América Latina. A agência de classificação adverte que, embora existam riscos e incertezas decorrentes da nova política comercial dos Estados Unidos, com o México sendo o mais suscetível, os impactos podem ser atenuados e a região deverá sustentar sua trajetória de crescimento em 2024.
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A Fitch prevê que a América Latina cresça 2,1% em 2025, em consonância com o desempenho de 2024. O avanço da Argentina deverá equilibrar a desaceleração do Brasil e a contração do México, conforme a projeção da agência.
A região está exposta ao protecionismo comercial e à incerteza política mais ampla dos EUA, com o México especialmente vulnerável, mas os efeitos poderiam ser mitigados por um tratamento tarifário mais favorável em relação a outras regiões, afirma o chefe de títulos soberanos da América Latina da Fitch Ratings, Todd Martinez, em relatório, divulgado nesta terça-feira (10).
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A maioria das economias latino-americanas recebeu uma tarifa recíproca mínima de 10% dos EUA, como o Brasil. Considerando que os países da região não foram sujeitos a alíquotas mais elevadas, que permanecem suspensas até julho, como ocorre em outras nações, os impactos diretos poderiam ser gerenciáveis, segundo a Fitch. “Os efeitos indiretos do crescimento mais lento dos principais parceiros comerciais, EUA e China, e da incerteza sobre tarifas poderiam pesar mais”, avaliou.
A avaliadora aponta que os preços das commodities constituem um risco para os países da região, embora o impacto tenha sido “misto” até o momento, devido à manutenção dos preços dos metais e à queda nos preços do petróleo.
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As políticas migratórias mais rígidas durante o governo Trump também são um ponto de atenção na América Latina, aponta a Fitch. A agência avalia, contudo, que as deportações não aumentaram significativamente, enquanto as remessas mantiveram-se aquecidas, mas podem diminuir após um “aparente aumento antecipado”.
A Fitch adverte que a consolidação fiscal na região pode ser “desafiadora” em 2025, o que poderá repercutir nas taxas de juros e na dívida dos países. Por outro lado, a desvalorização do dólar deu aos bancos centrais margem para continuar cortando as taxas de juros ou evitar um aperto mais duro.
As pressões inflacionárias das políticas dos EUA podem levar o Federal Reserve (Fed) a manter taxas de juros elevadas por mais tempo, com consequências para a região, afirma a Fitch. A necessidade de manter condições financeiras globais restritivas por um período mais longo representaria um desafio para países soberanos dependentes de financiamento externo ou que buscam retomar o acesso ao mercado, como a Argentina.
Aumento de classificações superou rebaixamentos na América Latina neste ano.
A Fitch, ao analisar as recomendações para a América Latina, aponta que as elevações de rating superaram os rebaixamentos em uma proporção de três para um. Em relação às perspectivas, visões positivas predominam sobre as negativas em uma relação de cinco para um.
A agência afirma que essa tendência positiva nas avaliações de rating se mantém concentrada na América Central e no Caribe, e recentemente incorporou melhorias nos ratings soberanos de baixo grau especulativo.
Em 2024, Argentina, Aruba, El Salvador receberam melhorias em suas classificações de crédito da Fitch Ratings, enquanto a Bolívia teve sua rebaixada. Aruba, Guatemala, Costa Rica, República Dominicana e Jamaica apresentam perspectivas favoráveis, com a Colômbia registrando uma negativa.
O Brasil possui rating “BB”, o que significa estar a dois passos do grau de investimento, e essa classificação foi mantida em junho do ano anterior.
Fonte por: CNN Brasil