Aldo Rebelo, com 69 anos, é jornalista e exerceu a função de deputado federal por cinco mandatos. Foi presidente da Câmara dos Deputados entre 2005 e 2007 e liderou quatro ministérios durante os governos do Partido dos Trabalhadores:Coordenação Política (2004-2005) no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e Esporte (2011-2015), Ciência e Tecnologia (2015) e Defesa (2015-2016) nos governos de Dilma Rousseff.
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Ao longo de sua trajetória, sempre se posicionou à esquerda. Defendeu a oposição à ditadura militar e manteve filiação ao Partido Comunista do Brasil. Em 2022, concorreu ao Senado pelo Partido Democrático Trabalhista. Seu último cargo no governo foi em 2018, como secretário-chefe da Casa Civil no governo do então ministro das Micro e Pequenas Empresas, Márcio França (PSB), em São Paulo.
Na época do impeachment da ex-presidente Dilma, em 2015, ele se manifestou como crítico e opositor à destituição, classificando a ação como um “erro histórico” e criticando a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal), que, na sua visão, teve protagonismo no processo.
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“Eu sempre tive uma posição crítica em relação à destituição da presidente Dilma, que foi um erro histórico”, disse em entrevista ao Poder360. “E contou com o protagonismo imprescindível do STF”, declarou, em janeiro de 2024.
Aproximação com Bolsonaro
Apesar de sua trajetória associada à esquerda, Aldo Rebelo se aproximou da ala militar e de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em novembro de 2024, foi elogiado publicamente pelo ex-presidente, gesto que fortaleceu o novo alinhamento político. Durante entrevista ao canal AuriVerde Brasil, o ex-presidente declarou que consideraria indicar o nome para o Ministério da Amazônia em um possível segundo mandato, descrevendo-o como “um cara fantástico em todos os aspectos”.
Em 2024, Bolsonaro também participou do lançamento e da sessão de autógrafos do novo livro do ex-ministro da Defesa, que ocorreu na Livraria da Vila, no Shopping Iguatemi, em Brasília. Na ocasião, o ex-presidente tirou foto com Rebelo e comprou um exemplar da obra “Amazônia, a maldição das Tordesilhas: 500 anos de cobiça internacional”.
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Na sexta-feira (23.mai.2025), Rebelo se desligou como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, réu no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Durante o depoimento, ele divergiu da versão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os ataques de 8 de Janeiro.
É indevido polarizar, atribuindo ao antigo governo a tentativa de dar um golpe. Criou-se uma fantasia para legitimar esse sentimento que tem orientado a política nos últimos anos. É óbvio que aquela baderna foi um ato irresponsável e precisa de punição exemplar para os envolvidos. Mas atribuir uma tentativa de golpe a aquele bando de baderneiros é uma desmoralização da instituição do golpe de Estado.
Rebelo também comparou os atos golpistas à invasão da Câmara em 2006 por integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), dissidência do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), quando 24 pessoas ficaram feridas, uma em estado grave.
Eles encaminharam um ferido para a UTI, derrubaram uma estátua de Mario Covas. Eu concedi a voz de prisão a todos. A polícia os apreendeu e eu os tratei como realmente eram: ladrões. Não se tratou de uma tentativa de golpe. E o que ocorreu em 8 de Janeiro é o mesmo, comparou. Na época, Aldo era o presidente da Câmara dos Deputados.
Para o ex-ministro, a noção de que o STF salvou a democracia serve para fortalecer uma narrativa de articulação entre os Poderes Executivo e Judiciário em face das dificuldades do governo Lula no Congresso.
Designar ao STF a responsabilidade de guardião da democracia é conferir à Corte uma função que ela não possui, nem de maneira institucional, nem política. Isso responde às demandas da situação. Existe uma aliança do Executivo e do Judiciário em oposição ao Legislativo, onde o Executivo não conseguiu obter maioria. É uma compensação.
Fonte: Poder 360