Alemanha envia seu primeiro contingente militar para o estrangeiro desde a Segunda Guerra Mundial

A unidade permanente contará com quase 5 mil soldados na Lituânia, em linha com a estratégia de defesa da Otan. O país compartilha fronteira com a Bielorrússia e o exclave russo de Kaliningrado.

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(Imagem de reprodução da internet).

A Alemanha lançou nesta quinta-feira, 22, sua primeira brigada militar permanente no exterior desde a Segunda Guerra Mundial. A unidade reunirá 4.800 soldados e 200 civis na Lituânia, país que compartilha fronteira com o enclave russo de Kaliningrado e com a Bielorrússia, aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin.

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A iniciativa representa uma reação do Pacto de Varsóvia à invasão da Ucrânia pela Rússia e emerge como parte dos esforços da aliança militar para consolidar seu flanco oriental. Também se trata do resultado da pressão exercida pelo presidente americano Donald Trump sobre os países da Otan para que aumentem seus investimentos militares.

Na cerimônia da Bundeswehr em Vilnius nesta quinta, o chanceler federal alemão Friedrich Merz disse que a brigada de tanques blindados inaugura uma “nova era” na história das Forças Armadas de seu país e assegurou que a Alemanha e seus parceiros da Otan estão preparados para “defender cada centímetro” do território da aliança.

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Qualquer um que questione a OTAN deve estar ciente de que estamos preparados. Qualquer um que ameace um aliado deve saber que a aliança inteira irá defender conjuntamente cada centímetro do território da OTAN, declarou Merz. “Proteger Vilnius é proteger Berlim”, afirmou, assegurando aos lituanos que eles podem contar com a Alemanha.

O presidente lituano, Gitanas Nauseda, também manifestou sua acusação à Rússia e a Belarus de conduzirem exercícios militares próximo à sua fronteira.

Lituânia, Letônia e Estônia estão conectadas ao restante da Otan na Europa pelo Corredor de Suwalki, uma área estreita de terra considerada uma das regiões mais vulneráveis a um ataque russo.

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Abrigada ainda não está finalizada.

A força alemã na Lituânia é um projeto que começou a ser desenvolvido há cerca de dois anos. Os soldados estão sediados em Rudninkai, próximo a Vilnius e a aproximadamente 30 quilômetros da fronteira com a Bielorrússia.

De aproximadamente 5 mil soldados, cerca de 400 já ocupam suas posições. Até o fim do ano, deverão ser 500. Continuam em construção casernas, ruas e a extensão de uma linha ferroviária, além de escolas e creches para os filhos dos militares.

A realocação total das tropas deve ser concluída até o final de 2027 e poderá causar transtornos às Forças Armadas. Para assegurar a atração desses militares, o governo alemão aprovou uma legislação que impulsionou a progressão na carreira militar, tornando-a mais atrativa.

As Forças Armadas alemãs já atuam no Lituânia desde 2017. A Alemanha lidera uma tropa multinacional da Otan ali, lançada em resposta à anexação da Crimeia ucraniana pela Rússia em 2014. Em 1º de abril, essa tropa multinacional passou a ser subordinada à nova brigada permanente alemã no país.

OTAN sob pressão para aumentar gastos militares.

Em meio à crescente pressão sobre os membros europeus da Otan para aumentar os gastos com defesa e se preparar para uma possível ameaça russa, Merz sinalizou seu apoio à ideia.

O secretário-geral da aliança propõe que os países membros invistam 3,5% do Produto Interno Bruto em defesa e mais 1,5% em infraestrutura relacionada, incluindo estradas e ferrovias.

O presidente dos EUA, Donald Trump, também tem feito esse pedido, visando sobretudo os europeus.

A nova meta de gastos deverá ser implementada na próxima cúpula da OTAN, prevista para junho em Haia.

“Esses números parecem razoáveis, também parecem alcançáveis, pelo menos dentro do prazo estabelecido até 2032”, disse Merz. Ele, que assumiu o cargo neste mês, fez da modernização das Forças Armadas da Alemanha uma de suas principais promessas de campanha.

Merz conseguiu aprovar a flexibilização do chamado “freio da dúvida”, regra fiscal que limita o endividamento do governo, para financiar o incremento dos gastos com defesa.

Em 2023, os gastos com defesa da Alemanha totalizaram 2,12% do Produto Interno Bruto, em comparação com 1,19% em 2014, de acordo com estimativas da Otan. Nos Estados Unidos, esses valores atingiram 2,7% em 2024, conforme dados do Departamento de Defesa americano.

Fonte: Carta Capital

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