Alimentos e bebidas “zero” são realmente saudáveis? Descubra

Especialista analisa se produtos “zero açúcar” e “zero álcool” representam opções saudáveis e oferece orientações sobre escolhas inteligentes na alimentação.

10/06/2025 18h29

4 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

O consumo de alimentos e bebidas “zero” – sem açúcar, sem calorias ou sem álcool – tem ganhado popularidade, sobretudo entre pessoas que buscam uma alimentação equilibrada ou que seguem tratamento para doenças crônicas, como diabetes ou obesidade. Contudo, esses produtos são realmente mais saudáveis?

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Para Gabriela Sangoi, especialista em nutrologia do Instituto Nutrindo Ideais, a relação entre o selo “zero açúcar” e uma opção mais saudável é, frequentemente, ilusória.

“Produtos como esses frequentemente contêm uma combinação de adoçantes artificiais, corantes e conservantes que, embora não adicionem calorias, podem interferir negativamente no metabolismo, na regulação do apetite e até na saúde da microbiota intestinal”, afirma Sangoi à CNN. “O problema não está apenas na ausência do açúcar, mas nos ingredientes que entram no lugar dele – e seus efeitos, quando consumidos com frequência, ainda estão longe de serem neutros”, completa.

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Um bom exemplo é o aspartame, um adoçante artificial frequentemente utilizado em refrigerantes e doces “zero açúcar”. Um estudo recente publicado na revista Cell Metabolism demonstrou que o ingrediente pode afetar a saúde cardiovascular, elevando os níveis de insulina em animais e favorecendo a aterosclerose (acúmulo de placas de gordura nas artérias). A condição pode aumentar o risco de infartos e AVCs ao longo do tempo, além de elevar os níveis de inflamação.

Os pesquisadores ainda necessitam analisar suas descobertas em humanos, mas os resultados do estudo se juntam a outras evidências de que adoçantes artificiais podem ser nocivos à saúde. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu, em 2023, o aspartame como um produto “possivelmente cancerígeno”, embora seja considerado seguro em uma “ingestão aceitável” de 40 miligramas por dia.

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Em síntese, substituir açúcar por aditivos artificiais não assegura a saúde. A qualidade nutricional deve ser sempre o critério primordial de escolhas conscientes, ressaltando a relevância de opções alimentares focadas na saúde e não apenas nas calorias, afirma Sangoi.

Bebidas “sem álcool” são alternativas menos nocivas, porém ainda é necessário cuidado.

As bebidas sem álcool, como cervejas e vinhos, representam uma opção mais saudável, ao remover o componente tóxico do etanol presente nas bebidas alcoólicas. evitam-se efeitos como alterações hormonais, distúrbios do sono, complicações hepáticas e inflamação crônica.

Elas podem ser uma boa opção para quem busca diminuir ou interromper o consumo de álcool, preservando o hábito social sem consequências para a saúde”, afirma Sangoi. Contudo, a especialista alerta: “Nem todas são recomendáveis. Algumas contêm altos níveis de açúcar, adoçantes artificiais e aditivos, o que pode anular os benefícios”.

Como tomar decisões inteligentes na compra de produtos com teor zero.

Para realizar compras conscientes, é fundamental analisar os rótulos com atenção. Sangoi explica que, de acordo com a legislação, um alimento ou bebida pode ser rotulado como “zero açúcar” se apresentar com até 0,5 gramas de açúcares por porção. “Isso permite que o açúcar esteja presente em quantidades mínimas e, ainda assim, o produto possa fazer essa alegação”, comenta.

a principal atenção na aquisição de produtos “zero” reside na leitura da lista de ingredientes e na análise da tabela nutricional. Nomes como maltodextrina, xarope de glicose, dextrose, açúcar invertido ou frutose apontam para a presença de açúcares dissimulados. “Uma sugestão prática: quanto mais ingredientes você não reconhece ou não consegue pronunciar, mais processado e artificial provavelmente é o produto”, aconselha Sangoi.

É preciso ter atenção também com produtos “sem adição de açúcar”, mas que contêm o açúcar natural dos próprios ingredientes. “Essa etiqueta só indica que o fabricante não adicionou açúcar à fórmula — mas o produto ainda pode ter açúcares que já existem naturalmente nos ingredientes, como a frutose das frutas ou a lactose do leite”, afirma a especialista.

A principal questão é: qual é a procedência desse açúcar e como ele se encontra no alimento? Em um iogurte natural, por exemplo, a lactose vem junto com proteínas, cálcio e probióticos – e isso o torna uma opção adequada. Por outro lado, em sucos de fruta concentrados, mesmo sem adição de açúcar, a frutose está isolada na composição, sem as fibras da fruta inteira. Isso causa um pico de glicose no sangue e pouca saciedade, podendo contribuir para o diabetes e para o ganho de peso.

Assim, mais importante do que verificar se há açúcar adicionado ou não, é avaliar se o alimento é minimamente processado, rico em nutrientes e com boa densidade nutricional. Um ingrediente natural, quando fora de contexto, também pode perder o seu valor.

Em relação aos produtos “zero álcool”, a principal orientação é ler a composição e observar a presença de açúcar e aditivos artificiais, como corantes, conservantes e estabilizantes, que também possuem impacto na saúde intestinal e imunológica, conforme a especialista.

É importante considerar a quantidade real de álcool: algumas bebidas “zero” ainda podem conter até 0,5% de etanol, o que é suficiente para causar alerta em situações como gravidez, pós-operatório ou uso de determinados medicamentos.

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Fonte por: CNN Brasil

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