Almirante Garnier afirma não ter disponibilizado tropas para o golpe

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, negou nesta terça-feira, 10, ter colocado as tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o golpe. “Eu nunca usei essa expressão (colocar as tropas à disposição)”. “Eu nunca disponibilizei tropas para ações dessa natureza”.

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(Imagem de reprodução da internet).

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, negou nesta terça-feira, 10, ter colocado as tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o golpe. “Eu nunca usei essa expressão (colocar as tropas à disposição)”. “Eu nunca disponibilizei tropas para ações dessa natureza”.

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É a primeira vez que Garnier presta depoimento sobre a trama fraudulenta. Na fase de inquérito, ele exerceu o direito ao silêncio e não respondeu às questões da Polícia Federal.

O ex-comandante da Marinha descreveu a versão apresentada como “ilação”.

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O presidente não nos abordou diretamente. Ele apresentou suas reflexões, expressou o que me pareceram ser suas maiores preocupações e análise de alternativas, em vez de demonstrar uma intenção de direcionar alguma situação em uma determinada direção, afirmou Garnier.

Os ex-comandantes do Exército Marco Antônio Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior declararam em seus depoimentos que Garnier colaborou com as ambições golpistas de Bolsonaro.

A questão seria discutida em uma reunião no Palácio do Alvorada em 7 de dezembro de 2022. Estavam presentes os comandantes das Forças Armadas e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, além de Bolsonaro.

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O Garnier confirmou o encontro e declarou que os pontos centrais discutidos envolveram os acampamentos de apoiadores de Bolsonaro próximos a bases militares e “questões relacionadas ao processo eleitoral”. O oficial negou que a detenção de militares tenha sido tema da reunião.

Houve a apresentação de alguns tópicos de considerações que poderiam levar, talvez, não foi decidido isso naquele dia, à decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ou de necessidades adicionais, principalmente visando a segurança pública.

O almirante afirmou que Bolsonaro não entregou uma minuta de decreto com medidas golpistas.

Eu não examinei a ata, observei uma apresentação exibida em um computador. Existia uma tela onde certas informações eram mostradas. Quando você menciona ata, eu penso em papel, não recebi esse documento.

Em seu depoimento, Garnier declarou que seguiu rigorosamente a hierarquia e, sendo subordinado de Bolsonaro, só poderia questionar uma ordem considerada “flagrantemente ilegal”, o que, em sua visão, não se verificou.

Até que ponto isso ocorreria, para mim, eram apenas ilações, discussões… Eu era comandante da Marinha. Não era assessor político do presidente. Eu me atenho ao meu papel institucional, defendeu.

O regulamento militar não concede ao militar a prerrogativa de inventar, ter ideias ou criticar opiniões de outros, sobretudo se estas forem de seu superior.

Em 14 de dezembro de 2022, ocorreu uma nova reunião entre os comandantes das Forças Armadas e Paulo Sérgio no Ministério da Defesa. Na ocasião, o ministro da defesa teria apresentado uma minuta de plano fraudulento, conforme apontado por Freire Gomes e Baptista Júnior.

Almir Garnier afirmou estar com atraso e, ao chegar ao local, constatou que a reunião já havia terminado.

Ao entrar, percebi que havia ocorrido algum tipo de desentendimento, uma discussão anterior tinha acontecido. A reunião foi encerrada. O ministro não abriu nenhuma pauta adicional, parecia estar irritado com o desenvolvimento da conversa, e a reunião foi encerrada.

O ex-chefe da Marinha declarou ainda que Bolsonaro colocava os comandantes das Forças Armadas “a par das questões legais” sobre a condução da Justiça Eleitoral, incluindo as ações em conjunto com o PL. O partido do ex-presidente foi multado em R$ 22,9 milhões por questionar de má-fé o resultado das eleições e pedir a anulação de parte dos votos do segundo turno.

Ao ser questionado sobre o desfile de carros blindados da Marinha nas proximidades do Palácio do Planalto, em agosto de 2021, durante a análise da PEC do voto impresso, Garnier declarou que o evento já estava previsto antes da Câmara dos Deputados marcar a votação e que foi uma “coincidência”.

Em 2023, após as eleições presidenciais, Garnier quebrou uma tradição e se recusou a participar da cerimônia de passagem do comando para o sucessor, Mário Sampaio Olsen. Em seu interrogatório, ele justificou que, em razão do clima de polarização, havia se comprometido a transferir o comando ainda no governo Bolsonaro. Como a cerimônia foi marcada para depois do final do mandato, ele preferiu não participar. O almirante defendeu, no entanto, que fez “toda a passagem de comando institucional”.

Estadão Conteúdo

Fonte por: Tribuna do Norte

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