Anestesiologistas do Distrito Federal enfrentam uma disputa acirrada por acesso a pacientes, gerando conflitos e custos elevados para o sistema de saúde

24/04/2025 às 6h07

Por: José News
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A investigação da Polícia Civil sobre o cartel de anestesiologistas do Distrito Federal aponta um esquema que se sustenta há décadas, envolvendo integrantes da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do DF (Coopanest-DF). Evidências e declarações coletadas na apuração revelam uma estrutura caracterizada por abusos de poder, intimidações e práticas de exclusão praticadas por profissionais da área.

No coração da operação, os anestesistas, com participações majoritárias e minoritárias, se distribuíam. Os últimos, carinhosamente apelidados de “bagres”, sofriam com uma agenda excessiva e recebiam remunerações significativamente inferiores aos valores correspondentes aos serviços prestados.

Testemunhos indicam que, devido à alta demanda por anestesiologia no Distrito Federal, os sócios majoritários terceirizavam parte dos procedimentos para profissionais chamados de “bagras” ou “colaboradores”. Esses profissionais realizavam plantões noturnos, atendiam aos finais de semana e operavam em cirurgias complexas, porém, recebiam remuneração fixa por hora, sem participação nos ganhos.

Um relato indica que o sócio majoritário desviava os ganhos provenientes dos boletins anestésicos, enquanto o “bagre” recebia apenas o “valor de plantão”, que oscilava de R$ 1,2 mil a R$ 3 mil por 12 horas de trabalho. Em certas situações, procedimentos conduzidos pelo “bagre” poderiam render R$ 30 mil à cooperativa, dos quais apenas R$ 1,2 mil eram repassados ao profissional – o restante era destinado aos sócios do grupo.

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Médicos anestesiologistas recém-formados ou que vêm de outras regiões só conseguem trabalhar em hospitais privados se concordam em seguir as orientações de um grupo influente dentro da instituição, conforme relatou uma testemunha.

Da peixaria ao poder – a um preço elevado.

A posição de “bagre” não era, contudo, irreversível. De acordo com relatos, após três a cinco anos de atuação no grupo, o indivíduo poderia ser convidado a se tornar acionista majoritário.

Para tal, era preciso arcar com uma taxa que podia oscilar entre R$ 1,8 milhão e R$ 3 milhões, conforme o hospital e a receita da instituição.

A transferência da vaga também acontecia em situações de aposentadoria de um sócio, quando este vendia sua participação a outro anestesiologista. Contudo, o processo de seleção era restrito: os líderes do grupo preferiam convidar homens e dão prioridade aos profissionais que mais frequentemente assumiam turnos intensos, aliviando os sócios das escalas mais demandadas.

Fonte: Metrópoles

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