Apesar de recuo, o desmatamento continua representando uma ameaça às terras de povos indígenas isolados, adverte a ISA

Relatório indica 2 mil hectares desmatados em 2024, com destaque para invasões, garimpo e queimadas em regiões vulneráveis.

29/07/2025 11h42

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(Imagem de reprodução da internet).

Apesar de uma redução de 18% no desmatamento em Terras Indígenas em 2024 em comparação com o ano anterior, as ameaças aos povos indígenas isolados permanecem sérias. Isso é o que aponta o relatório anual do Sistema de Alerta de Desmatamento em Terras Indígenas com Registros de Povos Isolados (Sirad-I), divulgado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi).

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De acordo com o antropólogo Tiago Moreira, pesquisador do ISA, o levantamento identificou 2 mil hectares desmatados em áreas com registros de povos isolados, mesmo com a intensificação das medidas de proteção. “A boa notícia é a queda no desmatamento, mas o que chama atenção, assusta um pouco, é a persistência do desmatamento nesses territórios”.

O relatório aponta como casos críticos as terras indígenas Zoró (RO/MT), Munduruku (PA), Piripkura (MT) e Jacareúba-Catau-Ixi (AM). Nesse último caso, Moreira adverte que o asfalto da BR-319 pode provocar “uma avalanche de desmatamento”, devido à falta de um plano de proteção territorial. “As áreas com desmatamento são ramais que vêm de entroncamentos da BR-319”.

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O sistema Sirad-I, empregado na pesquisa, utiliza imagens de satélite, incluindo radar, para monitorar em tempo quase real os territórios e gerar alertas periódicos. Operando desde 2020, registrou neste ano seu menor índice de desmatamento, ainda que evidencie a persistência das invasões, do garimpo ilegal e do roubo de madeira.

Voluntad política

A proteção dos povos isolados é assegurada principalmente por terras demarcadas ou por instrumentos de restrição de uso, uma medida paliativa que limita a exploração de áreas até a finalização do processo de demarcação. Ele avalia que “agora temos um governo que tem mais vontade política de proteger esses povos”.

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Moreira ressalta que, a partir de 2023, ocorreram avanços nas políticas de proteção, por meio de operações da Força Nacional de Segurança, ações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), utilizando suas bases de proteção etnoambientais.

Ele também menciona os desdobramentos da Ação de Cumprimento de Preceito Fundamental (ACPF) 991, protocolada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) no Supremo Tribunal Federal (STF) visando assegurar os direitos dos povos isolados.

A crise climática também tem acentuado os impactos nos territórios, segundo o especialista. “As queimadas afetaram severamente as terras indígenas, principalmente na Amazônia. O que queimou no ano passado foram áreas de floresta, o sub-bosque, que normalmente não queima”.

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Fonte por: Brasil de Fato

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