Trabalhadores aposentados na Argentina realizaram uma manifestação em frente ao Congresso Nacional na quarta-feira (6), denunciando a decisão do presidente Javier Milei de vetar a legislação que concederia um aumento emergencial às pensões em meio às persistentes dificuldades econômicas.
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A lei, aprovada pelo Congresso em julho, propôs um aumento de 7,2% em parcela única aos benefícios e um ajuste a um adicional congelado há muito tempo. Milei rejeitou-a por decreto presidencial na segunda-feira (4), alegando preocupações com a disciplina fiscal.
“Estamos aqui para lutar por todos os direitos que o governo tirou”, declarou Jesús Fajardo, um aposentado de 67 anos. “As pessoas estão cansadas de políticos mentirosos.”
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Confrontos com Forças de Segurança
A manifestação ocorreu sob rígida segurança, com a polícia utilizando spray de pimenta em confrontos com os manifestantes. Maria Rosa Ojeda, de 69 anos, desmaiou após ser borrifada no rosto.
“Estou cansada de ver idosos sendo agredidos”, ela disse. “Não se deve golpear uma criança, uma pessoa com deficiência ou um idoso. Somos desprotegidos.”
A manifestação fazia parte de uma série de ações semanais realizadas por aposentados e grupos sociais que reivindicavam melhores condições diante das medidas de austeridade do governo Milei.
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Famílias que vivem abaixo da linha de pobreza recebem pensões.
A Argentina possui 7,4 milhões de aposentados, representando 15,7% da população. De acordo com dados oficiais, 63,5% recebem a pensão mínima, que em agosto totaliza 314.300 pesos (US$ 233). Com um bônus não permanente introduzido em 2022 e congelado desde março de 2024, o valor total alcança 384.300 pesos (US$ 285).
O limite nacional de pobreza para um indivíduo com moradia é de 365.177 pesos (US$271), contudo, o Defensor do Cidadão de Idosos da Buenos Aires estima que idosos necessitam de, no mínimo, 1.2 milhão de pesos (US$892) mensais, em razão de maiores despesas com saúde e custo de vida.
“Este governo nos deixa sem nada”, disse Ojeda. “Todos são responsáveis, mas ainda mais o povo argentino, porque não estamos unidos.”
Voto Justifica Impacto Orçamentário
A lei de aumento da pensão complementar também visava elevar o adicional para 110 mil pesos (US$81). De acordo com o Escritório do Orçamento Congressional, o aumento da pensão teria custado 0,41% do PIB anualmente, enquanto o ajuste do bônus adicionaria outra 0,38%.
Milei sustentou que a lei estava em conflito com os objetivos fiscais de seu governo, em especial a meta de atingir o equilíbrio fiscal.
O Congresso agora enfrenta a decisão de derrubar o veto ou aceitá-lo. O resultado permanece incerto diante de alianças políticas em mudança e um cenário legislativo fragmentado.
“Precisamos continuar lutando, saindo para as ruas e defendendo nossos direitos”, disse Fajardo.
Fonte por: Brasil de Fato